Antes do Enem e dos aperfeiçoamentos que vêm sendo

introduzidos a cada ano, o sistema brasileiro de educação

superior era um dos mais excludentes do mundo. ?

Mais justo e mais democrático do que os vestibulares tradicionais, o Exame Nacional do Ensino Médio abre novamente neste fim de semana a porta da oportunidade para milhões de jovens que, de outra forma, dificilmente teriam acesso à Universidade. Com este propósito prioritário, somado às intenções de conclusão do Ensino Médio ou de simples teste, 7,1 milhões de candidatos começam as provas hoje em 1.161 municípios brasileiros, disputando vagas em 59 universidades federais e 38 institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

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Um percentual pré-estabelecido de vagas do Sisu será reservado para alunos da rede pública, de cursos regulares ou da Educação de Jovens e Adultos – política afirmativa destinada a compensar dificuldades enfrentadas pela parcela mais carente.

Além de oferecer chance para pessoas menos favorecidas economicamente, o Enem também começa a servir de referência para qualificar a escola pública, pois sinaliza claramente qual o nível de conhecimento que os estudantes precisam alcançar para ter acesso ao ensino superior. A Lei de Cotas destina-se também a resgatar a autoestima dos alunos da rede pública, que historicamente são considerados ou se consideram incapazes de conseguir uma vaga na universidade porque precisam competir com estudantes de escolas privadas, muitos deles preparados por cursinhos pré-vestibular. Essa brutal diferença fica agora atenuada.

A credibilidade do Enem também foi recuperada nos últimos dois anos, quando o Ministério da Educação intensificou os cuidados com a prova para evitar vazamentos e irregularidades como os que se registraram nos anos de 2009 e 2011. Com planejamento rigoroso e extrema vigilância sobre os processos de impressão, transporte, armazenamento e distribuição das provas, o governo conseguiu atenuar a desconfiança dos estudantes. A introdução de critérios mais austeros na correção do exame, especialmente depois que redações com receita de macarrão e hino de clube de futebol alcançaram notas excessivas, também contribui para revalorizar o exame.

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Antes do Enem e dos aperfeiçoamentos que vêm sendo introduzidos a cada ano, o sistema brasileiro de educação superior era um dos mais excludentes do mundo. Com a adesão gradativa de instituições ao Sistema de Seleção Unificada, ampliou-se também o universo de oportunidades, possibilitando que estudantes aplicados disputem vagas nas melhores universidades, mesmo distantes de seu domicílio residencial.

Há ainda muito a avançar. Mas mecanismos de avaliação como o Enem ajudam a qualificar o ensino no país e a evidenciar uma verdade insofismável: a educação continua sendo o principal instrumento para a redução de desigualdades sociais e para a construção do desenvolvimento.