Mães e pais sabem a dificuldade que é convencer uma criança a fazer a higiene. Em compensação, se o assunto é sujeira, eles adoram. Livros que falam sobre “porquices” invariavelmente levam a garotada a boas sessões de risos, em diferentes faixas etárias – confira uma seleção de livros bem sujinhos voltados para várias idades. E, depois de ler, já para o banho!

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::: O cocô enquanto ciência

O título do livro é: Da Pequena Toupeira que Queria Saber Quem Tinha Feito Cocô na Cabeça Dela. Você pode até torcer o nariz, mas a garotada pré-alfabetizada vai gostar. Ele conta a história de um toupeira que, ao colocar sua cabeça para fora da terra, é atingida por um excremento. Furiosa e carregando o dito cocô no cocuruto, ela sai à procura do “autor”. Engana-se você, se pensar que o livro não passa de pura nojeira. Em sua procura, a toupeirinha encontra diversos tipos de animais e, ao investigar, descobre o formato das fezes de cada um deles.

Embora não seja o tipo de livro que mostra os pelos branquinhos do coelhinho e a pela rosada do porquinho, não deixa de ser estímulo à curiosidade científica. Assim como a canção A História do Cocô, de Hélio Siskind, que mostra para as crianças que a “caca” pode, inclusive, transformar-se em adubo. Tanto a publicação quanto a música atingem diretamente crianças que estão começando a lidar de forma autônoma com a questão, tirando as fraldas ou aprendendo a irem sozinhas ao banheiro. Podem servir, então, como introdução para uma conversa sobre higiene.

Além de tratar o tema escatológico de forma divertida, Da Pequena Toupeira é um livro animado. Quer dizer que possui várias abas que, quando puxadas, revelam detalhes das ilustrações. Agregando a interatividade.

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::: Da Pequena Toupeira que Queria Saber Quem Tinha Feito Cocô na Cabeça Dela, de Werner Holzwarth e Wolf Erlbruch.

Companhia das Letrinhas, 24 páginas, R$ 27,50

::: Assim nem as colegas aguentam

Na maioria dos casos, as bruxas são descritas como seres bem repulsivos, mas a falta de higiene de Bafinhaca é criticada até por suas colegas. Bafinhaca – Uma Bruxa de Hábitos Sujos é o primeiro volume de uma série criada pela inglesa Kaye Umansky, que acaba de ser lançado no Brasil.

A história começa com Bafinhaca recebendo a amiga Tubararaca em sua nova residência. Apesar de nenhuma delas ser modelo de beleza, percebe-se claramente a diferença. Enquanto Tubararaca é organizada e gosta de cuidar tanto da aparência quanto da saúde, Bafinhaca prefere mesmo um cheirinho de catinga. Seu prato predileto, para se ter ideia, é ensopado de gambá.

O pior é que Bafi, além de malcheirosa, tem facilidade para se meter em encrencas. Descontente com uma festa barulhenta de gnomos, seus vizinhos, ela os enfrenta e acaba tendo que se mudar de novo. Desabrigada, é recebida por Tubi; mas obviamente seus hábitos diferentes proporcionam muitas brigas.

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A autora cria situações e nomes engraçados, num texto de leitura tranquila para crianças a partir de 8 anos, aproximadamente. Kaye, que foi professora de música, atuação e redação, tem mais de cem livros publicados. A série de Bafinhaca faz sucesso em vários países.

::: Bafinhaca – Uma Bruxa de Hábitos Sujos, de Kaye Umansky. Ilustrado por Nick Price. Tradução de Ricardo Gouveia.

Cia das Letrinhas, 184 páginas, R$ 29,50

::: Preconceito contra o piolho

Ser chamado de piolhento representa a maior ofensa na escola. Por isso, o melhor é não contar a ninguém. O que fazer quando o segredo se espalha? Quando a mãe de Marcelo descobre que os bichinhos infestaram sua cabeça, dá uma sugestão: não contar a ninguém, pois os amiguinhos poderiam se afastar. Assim, Marcelo tenta manter-se calado. Tenta. Conta só para a namoradinha, que senta ao seu lado. Ela, conta só para sua melhor amiga e, assim, o segredo voa…

No final da aula, o menino está só, isolado no fundo da sala. Uma ideia martela: ele deveria ter ouvido sua mãe. Mas bastam duas frases da professora querida para que as crianças percebam que não devem dar tanta importância aos piolhos metidos.

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Mais que uma história sobre os bichinhos nojentos que andam na cabeça como se estivessem disputando um rali, Marcelo Está com Piolho fala sobre preconceito, amizade e nojeirinhas, comuns em toda infância.

::: Marcelo Está com Piolho, de Anne Laval. Tradução de Heloisa Jahn.

Companhia das Letrinhas, 40 páginas, R$ 25.

Imundices de Raimundo

A série Raimundo Imundo, um sucesso no Reino Unido, começou a ser publicada no Brasil no ano passado. Já são quatro livros com títulos nada discretos: Arroto!, Cuecas!, Minhocas! e Pulgas!.

Cada volume traz a história que lhe dá nome e mais duas. Todas, claro, bem nojentas. Isto porque o personagem, Raimundo é um garoto que adora coisas como cutucar o nariz, mergulhar na lama e mexer em latas de lixo. Com certeza vai agradar mais aos meninos do que às meninas. O autor, que pelo jeito gosta mesmo de uma “nhaca”, publicou também Puuuummmm… Foi Você?, lançado no Brasil pela editora Nacional.

::: Puuuummmm… Foi Você?, de David Roberts.

Nacional, 32 páginas, R$ 21,90

::: Raimundo Imundo: Arroto!, Cuecas! Minhocas!, Pulgas!, de Alan MacDonald (texto) e David Roberts (ilustrações). Tradução de Augusto Pacheco Calil.

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V&R Editora, 96 páginas (cada), R$ 23,90 (cada)

Escatologia para os pré-adolescentes

Uma turma para lá de divertida, que gosta de se envolver em aventuras escatológicas, está no primeiro volume da nova série de R.L.Stine, o mestre do horror infantil. Em O Grande Vômito o leitor vai conhecer Berna Pontes e seus amigos da Casa do Nojo – Cris, Fred, Monstro, Esquilo e Alicate -, e também será apresentado ao mimado Rico Carvalho e seu colega Edu Máximo, da Casa Bacana. O diretor Chamorraul, a professora de culinária Salma Onela e outros personagens pra lá de doidos também farão a garotada dar boas risadas com as histórias dessa turma nojenta e… muito divertida.

No enredo da história há uma competição muito engraçada. Para ganhar um relógio que, além de marcar a hora, reproduz DVD e faz pipoca, Berna entra em uma disputa. Ele precisa vencer uma aposta de quem devora mais tortas de mirtilo sem vomitar. São 25 tortas para ganhar o super-relógio. Mas a competição não será fácil, e os alunos acabam se envolvendo numa tremenda, e nojenta, confusão. Com uma narrativa ágil e bem-humorada, mas que não ultrapassa a fronteira do grotesco, R. L. Stine prova seu talento versátil para contar histórias para o público infantojuvenil. A garotada, em especial os meninos, vai se divertir e se identificar com as aventuras e trapalhadas escatológicas.

::: O Grande Vômito, de R. L. Stine. Tradução de Vanessa Marinho.

Rocco Jovens Leitores, 120 páginas, R$ 24