*Por Vitorí Helena da Silva
Nasci no interior de Santa Catarina, em 1998, e me encaixo no que muitos chamam de Geração Z. Estou concluindo uma faculdade nada tradicional, em Marketing Digital e Data Science, e atualmente trabalho com projetos relacionados a inovação social, futurismo e dados. Em um mercado de trabalho líquido e cheio de transformações urgentes e não opcionais, me apresento como: “trend forecaster”, usando o bom português: uma caçadora de tendências.
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> O dilema das redes: somos a última geração a vivenciar a era analógica
Para começar um papo de dados e futuros, gostaria de fazer uma rápida tour pelos conceitos básicos e emergentes. Quem já os conhece, pode se sentir à vontade para pular essa parte do texto, como fazemos no feed do Instagram quando vemos algo que não nos interessa.
O que são dados?
Para começar, existem diferentes tipos de dados. De uma forma bem geral, alguns exemplos são um número de CPF e uma curtida no post de alguém em uma rede social. Os dois são exemplos de dados que usamos atualmente, mas com diferentes tipos de armazenamento e utilidades. Certo? São responsabilidades e registros que utilizamos para diversas organizações sociais, de cidadania e, inclusive, política.
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> Como o Google e o Facebook influenciam o jornalismo
A internet nos trouxe a possibilidade de capilarizar os protagonistas e narradores de fatos e verdades. Um exemplo: influenciadores digitais hoje utilizam alguns de seus stories para publicizar algum produto. Coisa que antes acontecia no intervalo de uma programação já definida por uma emissora analógica e por atores específicos. Plataformas sociais como o Instagram e o Facebook tornaram possível outras vozes e outros protagonismos. Você segue quem quer, consome o que quiser, assiste o que tiver vontade e por aí vai.
Junto a essas portas abertas para microempreendedores e produtores de conteúdo, vem a escassez de um filtro das informações. Você já parou pra pensar em que canais está consumindo conteúdo? E o porquê de você não estar pagando por esse conteúdo? A resposta é: você é o produto.
Na estrutura capitalista que vivemos, não existe troca sem valor monetário. Nesse caso, sua atenção é uma moeda. Seu clique, sua curtida e as demais interações que você tem com alguma tela, são a moeda. Dentro da área de marketing digital, temos inclusive termos que mensuram o valor de um clique, o famoso CPC, custo por clique.
Sabendo disso, podemos abrir a caixinha das fofocas articuladas e mentirosas da internet, também conhecidas por fake news.
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De acordo com um estudo publicado em 2018 pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos), as notícias falsas se espalham seis vezes mais rápido do que notícias verdadeiras no Twitter. E sim, você é o veículo dessas informações falsas ou distorcidas que são disseminadas para interesses monetários ou de poder de alguém. É poderoso.
Com o cenário de pandemia, vivemos cada vez mais imersos em realidades digitais que moldam a realidade off-line e precisamos urgente refletir e aprender sobre os poderes que estruturam e endereçam o futuro da humanidade.
> É falso que testes de covid-19 são manipulados e pandemia é uma farsa
Na minha opinião, quem deveria pensar nisso são as grandes empresas de tecnologias que oferecem as plataformas, e já existem movimentos que cobram posturas e medidas delas. Mas como tudo ainda é novo e não conhecemos o amanhã de um algoritmo de rede, gostaria de propor uma consciência coletiva de protagonismo digital.
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Para isso, sugiro pensar três vezes antes de compartilhar alguma notícia. E é importante cumprir o seguinte checklist antes do compartilhamento:
Eu conheço a fonte da notícia?
Não vale compartilhar porque seu familiar ou amigo compartilhou e você confia neles. Atualmente existem iniciativas que fazem uma checagem de fatos.
Eu li a notícia inteira?
Não vale leitura dinâmica.
Por que eu quero compartilhar essa notícia?
Algumas notícias são tentadoras demais para compartilhar, e elas são pensadas e criadas exatamente para isso.
> Fake news: um vírus tão contagioso quanto o “novo corona”
Não afirmo que essas três perguntas irão salvar a rede de informações falsas, longe disso, mas é um bom começo para pensar no nosso protagonismo e na internet que a gente quer. Refletir sobre o conteúdo que compartilhamos é refletir sobre o caminho que estamos trilhando. Temos apelidos e fotos feitas de pixels no Instagram, mas atrás da tela, no fim de tudo, ainda somos seres feitos de carne e osso.
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Estamos em um momento de definição de rota.
> As fake news que rondam o coronavírus
O futuro que eu desejo para mim e para outras pessoas, é um futuro livre de manipulação de informações. É um futuro onde a internet seja uma ferramenta e não uma prisão de ilusões.
*Vitorí Helena da Silva é pesquisadora de tendências, marketeira digital e agente de inovação de social