Nas últimas três semanas, eu viajei. Fui a sete cidades em sete países diferentes: Amsterdã, Berlim, Cracóvia, Praga, Viena, Budapeste e Bratislava. Peguei avião, trem, metrô, ônibus, van, barco e táxi. Carreguei nas costas uma mochila menor que minhas expectativas. Planejei estes 21 dias no leste da Europa ao longo de um ano. E valeu a pena.

Continua depois da publicidade

Nas últimas 504 horas, conheci pessoas. Falei com quem não sabia uma palavra de português, espanhol ou inglês. Também conversei com gente que sabia falar aspirador, espantalho e tartaruga em português. Nessas conversas, reforcei minha crença de que, sim, existem mais pessoas boas no mundo do que a gente imagina.

Nas últimas três semanas, tentei decifrar placas com o maior número de consoantes (algumas até com acento) já visto. Quase peguei neve. Vi um pôr do sol mais lindo que o outro. Colecionei folhas de árvores por alguns minutos. Subi torres com mais de 200m de altura. Desci mais de 200m em uma mina de sal. Me perdi.

Visitei um antigo campo de concentração e extermínio de judeus. Assisti a uma ópera. Fiz pubcrawl. Paguei mais barato por cerveja do que água. Me apaixonei por cada comida local. Fui a uma casa de banhos termais. Conheci uma cidade que até poucos anos atrás foi dividida por um muro – o quão surreal é pensar isso?

Nas últimas três semanas, vi contrastes. Estive nas desenvolvidas Alemanha e Áustria, mas também na República Tcheca, Polônia, Hungria e Eslováquia, onde se pode ver mais semelhanças com o Brasil. Tive vergonha e orgulho de ser brasileira. Tudo junto. Ouvi muito português e me perguntei novamente onde estaria a crise.

Continua depois da publicidade

Imaginei que veria refugiados. No terceiro país do roteiro, esperei uma família com dez sírios com os pés sujos de barro e os olhos carregados de medo e esperança fazer check-in no hostel antes de mim. Dividi quarto com muçulmanas. E também com quem já tem cabelos brancos.

Também passei perrengue. Mas eles vieram junto com a calma e, consequentemente, com as soluções. Porque “no final tudo dá certo”. E deu. Obrigada a todos que passaram pelo meu caminho, especialmente à Isadora, que dividiu todas essas sensações comigo.

Nas últimas três semanas, eu mudei. Me senti mais viva do que nunca. Ando querendo me sentir assim sempre.