Autoridades policiais e de segurança pública acreditam que há um conjunto de fatores culturais, atuais, como os atentados, e outros que precisam ser estudados para compreender a liderança de Santa Catarina na compra de armas no Brasil.
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Em uma avaliação a partir da reportagem publicada neste domingo pelo Diário Catarinense, o secretário da Segurança Pública, César Grubba, disse que o Estado precisa aprofundar o conhecimento sobre o tema para ter análises melhores. Ele considera essencial saber os lugares em que estão sendo vendidas mais armas e o perfil dos compradores.
Por que o catarinense é recordista de compra de armas no país?
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Para o delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D´Ávila, a liderança permearia perfil de outros estados que teriam comércio ilegal de armas com mais intensidade. Outra razão citada pelo delegado-geral seria a prática esportiva de tiro, tradicional em Santa Catarina – a Federação Esportiva de Tiro e Caça lista em seu site a existência de 57 clubes no Estado.
– Santa Catarina parece comprar armas legalizadas, diferentemente de outros estados, em que há comércio informal. Também há a intensa prática de tiro esportivo. Não vejo correlação de violência e criminalidade com a quantidade de armas em circulação – sintetizou Ávila.
Com a experiência de 20 anos na área criminal, o promotor de Justiça Onofre Agostini, coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério Público de Santa Catarina, afirma que a liderança em compra de armas revela a insatisfação da população e incompetência dos governos para enfrentar a criminalidade.
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– O Estado não assumiu o seu papel e a população se arma. São pessoas que têm a arma legalizada em casa e eu não tiro a razão. Há ainda a impunidade que influencia – observa Agostini.
O fator cultural (colonização alemã e italiana), o recrudescimento da legislação, a melhoria dos registros e dos sistemas nos últimos anos e até a descrença da capacidade do Estado em punir são relatados como fatores pelo tenente-coronel Araújo Gomes, comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar, em Florianópolis, que também aponta os atentados como causa ao alto índice.
– Não é comum encontrarmos nas abordagens armas legais, o que sugere que essas armas compradas são para se ter em casa. As apreendidas na rua, na maioria das vezes, são de calibres permitidos e que chegam aos bandidos pelo furto ou comércio ilegal – ilustra o comandante.
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Dados da Polícia Federal revelaram que em 2013 o Estado já registrou 934 espingardas, pistolas e revólveres, de 1º de janeiro a 25 de abril. Isso o coloca na liderança de armas adquiridas por civis, seguido do Paraná e do Rio Grande do Sul.
Na proporção por habitantes, segundo a análise dos últimos dez anos no país, Santa Catarina ocupa o terceiro lugar, com uma arma para cada 422 pessoas. Na frente estão o Distrito Federal (uma arma para 160 habitantes) e o Acre (uma arma para 222 pessoas).
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