Nos dias de hoje todos estamos sujeitos às mudanças tecnológicas. E mais do que isso: preparados para o impacto causado nas nossas vidas por conta das evoluções. Mas mesmo assim, em pleno século 21, muitas alterações na rotina ainda trazem dificuldade de adaptação.

Continua depois da publicidade

O celular com botõezinhos foi substituído pelo touchscreen em menos de uma década. A televisão de tubo deu lugar às plasmas e, hoje, às LEDs de ultradefinição. A própria TV, antes restrita à tomada de casa, já está na palma da mão.

Mas 200 anos atrás essa adaptação não era assim fácil e, pior, vinha atrelada a problemas sociais. Foi justamente uma dessas mudanças, a Revolução Industrial (com a chegada das máquinas a vapor, dos teares e equipamentos que faziam o trabalho de dezenas de homens), que desencadeou o processo de imigração na Europa.

A estimativa é de que 60 milhões de pessoas deixaram o Velho Continente entre 1815 e 1914 por conta de impactos causados pela industrialização – o que, mais tarde, viria a instigar a colonização em Hermann Blumenau.

Para o historiador Toni Jochem, mestre em história da imigração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), não é possível apontar um único motivo para o processo migratório do século 19, mas a falta de recursos mínimos para a sobrevivência foi um dos fatores que levou famílias inteiras ao Novo Mundo.

Continua depois da publicidade

– Houve conflitos sociais na Alemanha, principalmente em função dessa mudança do feudalismo para o capitalismo na época da industrialização. Esse excedente populacional, fomentado pela fome e pela falta de trabalho fez com que a alternativa de seguir a vida fosse um novo destino. Era a necessidade básica para garantir uma vida melhor, fugir da guerra, da falta de comida e até de um ambiente hostil socialmente – explica Jochem.

Na avaliação de Mariana Luiza de Oliveira Deschamps, historiadora e professora da Universidade Regional de Blumenau (Furb), a decisão de deixar o lar ocorria também pela insegurança e porque as pessoas não conseguiam enxergar um futuro melhor no lugar onde viviam.

– Um dos elementos que permite evidenciar esse sentimento de instabilidade vivenciado pelas pessoas é o fato de que milhares de germânicos de diferentes grupos sociais, camponeses, burgueses, artesãos, sentiram as fragilidade econômicas, sociais e políticas. Tais ameaças tornaram-se pontos importantes na hora de escolher entre partir ou ficar – argumenta Mariana.

O maior fluxo de imigrantes foi para os Estados Unidos, porém outros desembarcaram também em várias partes da América do Sul. Há colônias germânicas no Sul do Chile, na Argentina, até no Peru e, é claro, no Brasil.

Continua depois da publicidade

Com a garantia de terras por aqui, os alemães chegavam e estabeleciam uma nova vida, porém nem sempre com todos os subsídios para garantir o pleno sustento durante todo o ano. Essa dificuldade motivou a criação da Sociedade de Proteção aos Imigrantes do Sul do Brasil, entidade em que Hermann Blumenau trabalhou a partir de 1846 – logo depois que recebeu o diploma de doutor.

Podcast

Confira mais sobre os porquês da imigração da Europa para as Américas.

Infográfico: o fluxo migratório da Alemanha para o Novo Mundo

De acordo com os historiadores Toni Jochem e Sueli Petry, o fluxo de imigrantes que saíram da Alemanha teve como principal destino os EUA. Outros países também foram o rumo de outros milhões. Confira no infográfico abaixo para onde foram aqueles que buscavam uma vida melhor no Novo Mundo.