*Por Brian X. Chen

Em uma economia praticamente parada, o iPhone de US$ 399 que a Apple acaba de lançar pode até parecer uma alternativa atraente. Mas a pandemia tornou outro aparelho muito mais interessante: o iPad. Vocês se lembram do iPad? Tudo bem se tiverem se esquecido dele.

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A Apple divulgou um novo modelo básico do tablet por US$ 329 no ano passado. O aparelho, porém, praticamente não foi mencionado no evento de lançamento de novos produtos da marca em setembro de 2019, quando a Apple deu destaque para os novos iPhones, que custam entre US$ 699 e US$ 1.099. O iPad, que sempre se pareceu mais com um acessório opcional, fica entre o computador e o smartphone, e há muito é tratado como esse "outro" aparelho.

Agora, chegou a hora de reconsiderar o iPad. Já escrevi sobre como o coronavírus havia revelado quais é a tecnologia mais essencial para nós e nos ajudado a eliminar o restante. A tecnologia à qual mais recorremos pode ser resumida a um computador, ferramentas de comunicação, de entretenimento e conexão à internet. O iPad responde melhor que qualquer smartphone a essas necessidades.

Com uma tela maior que a do iPhone, o iPad é ótimo para usar aplicativos de videoconferência como o FaceTime e o Zoom, além de ser muito bom para assistir a filmes e programas na Netflix ou no YouTube. Quando você o acopla a um bom teclado, ele se torna um ótimo computador de baixo custo, com conexão veloz para navegar na internet, escrever e-mails ou digitar documentos. Tudo isso pela metade do preço de um iPhone comum.

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"Ele fica nesse meio-termo, entre ser relativamente acessível e ter tudo de que a maioria das pessoas precisa", afirmou Nick Guy, jornalista da "Wirecutter", uma publicação do "The New York Times" que testa produtos.

Comprei um iPad com US$ 100 de desconto na última Black Friday. Nas últimas semanas, ele se tornou meu aparelho predileto e, por isso, vou listar as razões que me levam a dizer que esse é o melhor aparelho eletrônico da pandemia.

Manter o contato

Nunca fui muito de conversar por vídeo, mas a pandemia forçou praticamente todos nós a participar de videoconferências com as pessoas que amamos e com as quais trabalhamos.

Inicialmente, eu preferia fazer chamadas de vídeo com o laptop que o escritório me deu, pois o ângulo da tela podia ser ajustado. Porém, depois de uma semana, percebi que as ligações no laptop eram bem ruins. Elas consomem uma energia danada. Meia hora de Google Hangouts usava 25 por cento da bateria do meu laptop.

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Além disso, especialistas em segurança revelaram que o Zoom, o aplicativo de ligações por vídeo mais popular do momento, sofre com enormes vulnerabilidades de segurança nos computadores, mas não em aparelhos móveis como o iPad. Isso se deve ao fato de que os aplicativos móveis operam em um ambiente mais restrito, com acesso limitado aos seus dados.

Por isso, comecei a fazer todas as minhas chamadas de vídeo pelo iPad, que, além de tudo, me oferece uma experiência muito melhor. A bateria do iPad dura muito mais que a do laptop e, se comparado a um smartphone, o tablet tem uma tela grande para chamadas de vídeo e pode ser apoiado com a ajuda da capa de proteção.

Minha esposa e eu usamos recentemente o iPad para uma ligação de duas horas pelo FaceTime com meu cunhado, enquanto jogávamos um videogame juntos. Ao fim da sessão, o iPad ainda tinha mais de 70 por cento de bateria.

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(Foto: Jim Wilson / The New York Times )

Trabalhar

Depois que comecei a fazer chamadas de vídeo pelo iPad, também comecei a usá-lo para executar várias tarefas do trabalho, incluindo escrever e-mails, tomar notas e até mesmo fazer a lista de gastos. Gosto da longa duração da bateria e prefiro o fato de os aplicativos ocuparem a tela toda, o que me ajuda a me concentrar em cada tarefa.

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Mas nem todos os créditos vão para o iPad. O aparelho conta apenas com um teclado virtual e não é nada fácil digitar em uma tela de vidro.

Felizmente, eu tinha pesquisado muitos modelos de teclado para o iPad antes da pandemia e escolhi o Logitech Slim Folio, de US$ 100, que se conecta com facilidade. A digitação é similar à de um teclado normal e a capa serve de apoio e proteção para o tablet.

Ainda escrevo meus textos no laptop, pois os programas do computador permitem a realização de mais tarefas ao mesmo tempo. Consigo, porém, fazer uma parcela surpreendentemente grande do meu trabalho no tablet, devido em grande parte ao fato de ter encontrado o teclado certo para mim.

Entreter

Normalmente, leio muitos livros, mas, nos últimos tempos, tenho preferido descansar a cabeça e ler histórias em quadrinhos. Os aplicativos Comixology e Comic Zeal para o iPad tornam a experiência de ler gibis digitais melhor do que ler os impressos: você pode dar zoom em quadrinhos específicos e a tela é brilhante o bastante para que você não precise ligar o abajur.

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Embora eu prefira assistir a vídeos na tela da TV, é bom ter o iPad para ver alguma série da HBO enquanto minha esposa assiste a "Love Is Blind" na televisão.

Agora, também passo muitas horas por dia assistindo a vídeos do YouTube sobre temas variados, que vão desde panificação a reformas para a casa. Graças a essa nova obsessão, finalmente melhorei minha massa de pizza caseira, aprendi a trocar uma peça da minha moto e até a instalar um bidê no banheiro. O iPad foi uma ótima companhia durante essa jornada.

Melhor que os outros

Por que comprar o iPad, e não outro tablet? Afinal, muitas dessas mesmas coisas poderiam ser feitas em tablets mais baratos, como o Fire HD 8, da Amazon, que custa US$ 50. No entanto, esses aparelhos geralmente são muito mais lentos e têm telas piores. No fim das contas, o iPad é o melhor tablet no mercado.

Só existem dois pontos negativos, e ambos tornam o aparelho um pouco mais caro. O primeiro é que um bom teclado pode aumentar em US$ 100 o preço do iPad. O segundo é que vale a pena investir em mais memória (128 gigabytes, em vez de 32) para instalar mais aplicativos e jogos, o que acrescenta mais US$ 100. Com isso, chegamos a um total de US$ 529.

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Mas não desanime por causa disso. O iPad ainda sai mais barato do que a maioria dos modelos de iPhone e tem uma melhor relação de custo-benefício que os laptops da Lenovo, Dell e HP, que também custam cerca de US$ 500.

Ryne Hager, editor do blog de tecnologia "Android Police", contou que comprou um iPad para a namorada no Natal do ano passado e percebeu que ela estava usando o aparelho com mais frequência durante o lockdown para conversar por vídeo com a família. A facilidade de uso e o custo-benefício do iPad foram tão atraentes que ele rompeu a tradição do site "Android Police" de escrever apenas sobre produtos com sistema operacional Android e escreveu um artigo explicando por que as pessoas deveriam comprar um iPad durante a pandemia.

"A experiência oferecida pelo iPad é melhor em muitíssimos aspectos e isso é inestimável neste momento", concluiu.

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