A abertura diária de agendamento de vacina contra a Covid-19 para novas faixas etárias tem gerado uma corrida desenfreada pelo imunizante em Blumenau. Por um lado a situação demonstra a consciência da população em se proteger contra a doença que tirou a vida de 556 moradores da cidade até esta terça-feira (6). Por outro, gera uma onda de reclamações daqueles que são de grupos anteriores e ainda não conseguiram garantir uma vaga porque a disputa fica mais acirrada conforme outras pessoas são liberadas a receber as doses.
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As redes sociais da própria prefeitura de Blumenau estão inundadas de queixas.
“Nem consegui agendar a de 41 anos por falta de vagas, sistema congestionado, e agora irão abrir para outros grupos. Vocês acham certo isso?”. “Abriram outro grupo sem vacinar o anterior. Tenho 43 e estou tentando agendar desde domingo”. “Estão abrindo vaga para mais grupos sendo que nem os anteriores estão conseguindo agendamento”. Estes são apenas alguns dos comentários deixados na publicação da prefeitura ao anunciar a liberação da agenda para pessoas a partir dos 40 e trabalhadores da indústria, além dos já chamados anteriormente.
Vice-prefeita e coordenadora da campanha de imunização contra a Covid-19 em Blumenau, Maria Regina de Souza Soar, justifica que a liberação de novos públicos diariamente tem como objetivo conseguir cumprir o calendário do governo de Estado. O documento prevê quais faixas etárias devem ser imunizadas com a primeira dose em cada período. Ela pontua que anteriormente o critério para liberar imunização a novos públicos era o de alcançar 70% de cobertura no alvo anterior.
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— Agora anteciparam [o governo do Estado] para 31 de agosto a vacinação para o público acima de 18 anos em toda Santa Catarina. Então a gente vem cumprindo esse calendário. Por exemplo: eu tenho que chegar até os 40 anos na quinta-feira (8). Ontem (5) eu abri a idade de 41 e em oito minutos encerrou as vagas pela quantidade de população que se tem nessa faixa etária. Então devo trabalhar agora dois dias com 40 anos. Depois já tem de baixar de 39 a 35. Então estamos fazendo o planejamento em cima desse calendário. A gente tem também a questão dos outros grupos prioritários que estão abertos independentemente dessa faixa etária por idade — diz Maria Regina.
A mudança na regra para avançar no calendário faz a fila por idade aparentemente ir mais rápido, mas não significa que o percentual de protegidos seja expressivo, como mostram os números. O último balanço da prefeitura, com dados até 5 de julho, mostra 36,4% de vacinados no grupo entre 45 a 49 anos. É um acréscimo de 12,5% em relação ao levantamento do dia 30 de junho. De 50 a 54 está um pouco maior: 51,5%, mas só cresceu 1,9% no intervalo de uma semana. Entre os trabalhadores da limpeza o percentual fica em 33,5%.
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Os quantitativos do próximo balanço, previsto para semana que vem, devem mostrar quantas pessoas ficaram para trás no grupo de 44 a 40 anos, liberado em 2 de julho. Nesta faixa são previstas 27.809 pessoas. É provável que parte destes possa ter recebido o imunizante por se enquadrar em outros públicos, como com comorbidades, gestantes, trabalhadores do transporte coletivo, por exemplo. Uma prévia, com base nos dados do dia 5 de julho, mostra apenas 8,4% deste grupo vacinado. Ainda é possível exisitir um público expressivo pendente diante da liberação de 1,8 mil doses diárias e sempre com grupos adicionais.
— Trabalho com 1,8 mil primeiras doses por dia. Porque, por exemplo, sábado (10) eu já tenho 1.671 pessoas agendadas para segunda dose. Então não posso ultrapassar minha capacidade de 3,6 mil por dia para imunização na Vila Germânica. […] Quando é dose única, eu poderia vacinar 3,6 mil pessoas por dia, mas eu tenho a segunda dose de quem se vacinou meses atrás — explica a vice-prefeita.
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Nesta terça, inclusive, a quantidade de vagas liberadas subiu para 3 mil. Segundo Maria Regina, isso só foi possível porque a cidade recebeu imunizante de aplicação em dose única. Também acaba de ser liberada a imunização de trabalhadores da indústria, fazendo aumentar a disputa no agendamento.
Com o cronograma por faixa etária, Maria Regina pontua não ter necessidade de liberar novos grupos, pois de acordo com a idade já acaba abrangendo muitos destes profissionais. Mas como é determinação, o município precisa cumprir às escuras, pois ainda não tem ideia de quantas pessoas estão neste grupo.
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