Por que, aos 40 anos, Hello Kitty ainda é tão amada?

Mais cedo no ano de seu 40º aniversário, lemos as notícias aterradoras de que Hello Kitty não era um gato, e sim uma menininha. Depois, a imprensa voltou atrás e disse que ela não era uma menininha, mas uma gatinha antropomorfizada.

Seja como foi, a felina mais amada do mundo completou, neste mês de novembro, 40 aninhos… sem nunca ter idade exata (a marca se furta a dizer que Kitty está, desde 1974, na terceira série). E com festança: a personagem recebe no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles uma convenção em sua homenagem, a Hello Kitty Con, com farta venda de produtos licenciados e diversas exposições contando sua trajetória.

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Até mesmo Katy Perry, uma das fãs mais célebres de Kitty, deu um pulo na festa para receber uma tatuagem da personagem no dedo.

Mas por que meninas de todas as idades amam tanto Hello Kitty? Eis algumas hipóteses:

1. A oficial

Dave Marchi, diretor sênior de marketing da Sanrio, empresa proprietária da marca Hello Kitty, afirmou à CNN que os motivos do frenesi causado pela convenção de fãs são simples:

– Hello Kitty significa tanto, para tantas pessoas, de muitas maneiras diferentes. Mas acho que é facilmente explicável pelo fato de que ela é simplesmente uma embaixadora da felicidade, e ela se conecta às pessoas emocionalmente. Ela so quer saber de felicidade, amizade e diversão.

De acordo com a presidente da Sanrio, Janet Hsu, esse é o apelo planetário da gatinha:

– Gostamos de dizer que Hello Kitty é uma cidadã do mundo. Acho que sua mensagem de representar amizade e gentileza é muito contagiosa e cresce cada vez mais.

2. A acadêmica

A antropóloga Christine R. Yano, estudiosa de Harvard e autora de um livro sobre a personagem, afirma que grande parte do sucesso dela se deve à falta de expressão. A ausência de emoções combinaria, diz Christine, com qualquer fim comercial que se queira explorar: Hello Kitty tocando guitarra, Hello Kitty jogando tênis, Hello Kitty presidente do Japão etc. ]

Yuko Yamaguchi, designer da gatinha, afirma que isso gera não só lucro, mas maior empatia dos fãs:

– Ela não tem boca para que as pessoas que olham para ela possam projetar seus próprios sentimentos no rosto dela, pois ela tem um rosto sem expressão. Kitty parece feliz quando as pessoas estão felizes, e parece triste quando estão tristes. Por essa razão psicológica, pensamos que ela não deveria estar ligada a nenhuma emoção, e é por isso que ela não tem boca.

3. A internética

Michael Richey, editor do Tofugu, site americano sobre cultura japonesa, tem uma tese interessante: a Hello Kitty não “é” de nada. Mario é de um videogame, o Pernalonga é de um desenho… e a Hello Kitty é de nada. Assim como ela absorve as interpretações e sentimentos do público, ela também absorve o layout que habita.

– Coloque-a em um vestido rosa, cercada de corações e borboletas, e ah!, ela é tão adorável! Coloque-a em preto e branco em uma carteira de grife e veja como ela fica retrô-chique! Coloque-a em uma fantasia de Godzilla… e ela fica muito bem ali também. Não importa onde você a coloque, é ali que ela pertence. E é por isso que ela não pode “ser de alguma coisa”. Ela é de nada e de tudo ao mesmo tempo.

Importante notar que, aos 40 anos, Hello Kitty está longe de ser um filhote de gato: em anos felinos, ela teria cerca de 177 anos.