A pavimentação asfáltica ou por calçamento ainda não é realidade em 41,14% dos 1,8 mil km de vias públicas de Joinville. Em números totais, representa 745,737 km de ruas não pavimentadas, ante 898.438 metros de cobertura com asfalto e 168,7 km de calçamento. ¿A Notícia¿ percorreu alguns trechos sem pavimentação para entender a dimensão da demanda para a população, especialmente na zona Sul, onde, segundo a Prefeitura, a situação é mais deficitária neste sentido.

Continua depois da publicidade

O aumento do percentual de vias pavimentadas – hoje de 58,86% – depende da ampliação de recursos. A administração municipal aponta a falta de dinheiro como o maior empecilho para um programa mais constante.

Em fevereiro, foram abertas duas licitações para a pavimentação de 20 ruas. As obras, orçadas em R$ 2,9 milhões, devem cobrir 5,4 km – número ainda bem distante do total necessário na cidade. A previsão é de que a escolha das empresas responsáveis pela execução dos trabalhos previstos nos dois editais ocorra ainda neste semestre.

As obras devem ter início na segunda metade de 2017, têm prazo de execução de cinco meses e devem representar um alento para os moradores de ruas como a Uirapuru, no Aventureiro. Lá, a pavimentação é uma cobrança antiga. Moradora da rua há 25 anos, a dona de casa Mariana Pereira diz que há pelo menos 20 anos os moradores buscam melhorias no local.

– Quando está calor, não tem como abrir a janela da frente por causa do pó levantado pelos carros. Quando chove a rua enche de água e buracos – conta.

Continua depois da publicidade

Vizinho de Mariana há oito anos, Emerson Costa concorda.

– Se está muito seco, limpamos a casa pela manhã e. uma hora depois, já está tudo sujo de novo. Quando passa caminhão, por exemplo, o pó chega a levantar metros acima do chão.

Os moradores dizem que apenas duas ruas da região não estão pavimentadas. Além da Uirapuru, a Francisco Aniceto Rocha, por onde passa diariamente Giselle Barroso, de 22 anos, também tem o mesmo problema. Segundo a jovem, voltar do trabalho à noite é complicado.

– É difícil passar aqui. Volto do serviço por volta das onze da noite e fica ruim até mesmo de passar a pé porque não vejo os buracos e posso tropeçar. Fica pior quando chove, já que muitas vezes não dá para desviar – recorda.

Conforme o edital da Prefeitura, devem ser pavimentados 1.073,87 metros da rua Uirapuru. Na última terça-feira, a Prefeitura realizou uma ação paliativa no trecho, uma ¿operação tapa-buracos¿ e patrolamento, segundo os moradores do bairro. A Prefeitura informou ainda que ¿realiza obras de pavimentação em parceria com moradores, principalmente com uso de lajotas. Nessa ação, a Prefeitura faz a drenagem e a preparação da via para receber o pavimento e os moradores participam com a aquisição do material e a mão de obra¿.

Continua depois da publicidade

Rua Uirapuru, Aventureiro

O marceneiro Willian Tezza (foto) tem 25 anos e mora na rua Uirapuru desde que nasceu. O rapaz diz que por causa dos buracos dirige a no máximo 40 km/h, mas mesmo assim não consegue evitar a poeira e problemas no veículo.

– A roda do meu pneu traseiro está frouxa e o para-choque também. Os buracos não são o fator determinante, mas contribuem para isso – defende.

Willian diz que moradores se mobilizam cobrando a pavimentação da via e a vizinhança aceita até pagar.A mesma opinião é compartilhada por Evani Marcelino, que aluga apartamentos na rua. Ela diz que a falta de pavimentação atrapalha até mesmo para conseguir novos inquilinos.

– Tenho inquilino que vai embora por causa da condição da rua. Ou então, quando visita o local, gosta do apartamento, mas deixa de alugar.

Continua depois da publicidade

– A água chega a subir quase um metro com a chuva. Além disso, tenho problemas para transitar até no acostamento, pois não tem calçada – conta a vizinha Maria de Fátima dos Santos, de 61 anos.

Transtorno na Piratuba

Luciano Cardoso, de 46 anos, é comerciante na rua Piratuba, que começou a ser pavimentada no início do ano. Segundo ele, com a abertura da rua, o pó tem atrapalhado o movimento dos clientes. Ele acha a obra necessária, mas reclama que ela parou no mês passado e não tem previsão de continuação. Segundo ele, no dia 24 de fevereiro a empresa responsável pela obra recolheu o maquinário e parou os trabalhos.

– Antes tinha transtorno, mas nós sabíamos que eles estavam trabalhando. Agora, a empreiteira parou. Quando vai terminar?

O comerciante disse ainda que tubos de concreto foram deixados na calçada e areia em frente a um posto de ônibus, dificultando o acesso. A Prefeitura confirmou que a empresa responsável paralisou as atividades e vai abrir uma notificação para que o serviço seja retomado.

Continua depois da publicidade

A obra é paga por meio de um convênio com o governo do Estado pelo Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) e Fundo Estadual de Apoio aos Municípios (Fundam) e tem valor estimado de R$ 4,2 milhões. O ¿AN¿ entrou em contato com a ConPla Construções e Planejamento Ltda., responsável pela execução da obra, mas ninguém atendeu.

Já governo do Estado informou que o trabalho será retomado nos próximos dias.

Rua Jairo Germano Korn

No mesmo bairro mora Neusa Sczepanski, de 58 anos. Ela cuida da irmã que tem esclerose lateral amiotrófica, doença que provoca perda gradual de força e coordenação muscular. Segundo ela, a família mora há 11 anos na rua e a frente da residência sempre enche de buracos toda vez que chove. – Na semana passada, foram feitos reparos em uma boca de lobo, mas os buracos continuam ali. Em dias de chuva, quando as crianças voltam da escola, elas precisam desviar dos carros, dos buracos e também da lama, correndo perigo de cair e se machucar.Com o tempo seco, o problema é a poeira causada pelo vaievém dos veículos. – O que o morador quer é ter a frente de casa limpa e seca. Acredito que esse problema poderia ser amenizado se colocassem pedras firmes no local – argumenta.

Acessibilidade prejudicada na na Rudinei Vieira

O casal Marciano Venâncio, 46 anos, e Zenir dos Santos Freitas Venâncio, 47 anos (foto), mora há 11 anos na rua Rudinei Vieira, no Parque Guarani. Eles reivindicam melhorias e cobram ações com frequência na Subprefeitura da Região Sul, principalmente para ajudar na locomoção da mulher, que possui deficiência visual. Segundo Marciano, os buracos deixam a rua irregular, o que atrapalha a locomoção de Zenir.

– Para minha inquilina, que também é deficiente visual, e para mim, a falta de pavimentação é terrível. Há bastante problema de mobilidade e são muitos obstáculos e barreiras, principalmente quando chove. Não tenho como me localizar por causa dos buracos – diz ela.

Continua depois da publicidade

Em recuperação por conta de uma queda, Marciano também tem dificuldades para andar pela rua. Ele diz que mesmo de carro é difícil passar no local.– Entro pela garagem da rua lateral, pois meu carro já chegou a quebrar por causa dos buracos – explica

Rua João Medeiros

Na rua acima da Rudinei Vieira fica a João Medeiros, onde mora Florindo Schimanoski, de 41 anos. Ele vive no local há 13 anos.

– As máquinas não sobem nas partes mais altas da rua e o encanamento também impede obras paliativas, pois as mangueiras ficam expostas. Quando chove, faz uma corrente de água do início ao fim da rua e as pessoas precisam disputar espaço com os carros para fugir dos buracos que se formam – descreve.

Para ele, a situação poderia ser resolvida mais rapidamente se houvesse pavimentação em vez de reparos com saibro e patrolagem. – Já vieram várias fazer reparos, mas chove e volta o problema. Acho que, se pavimentassem, talvez a situação já tivesse sido resolvida e com menos gastos.

Continua depois da publicidade

Ruas contempladas pelos editais de pavimentação

AVENTUREIRO

Das Flores

Benedito Cardozo

Manoel F. de Oliveira (Da Santa)

Uirapuru

BOEHMERWALD

Gal. Hugo de Abreu

Alfredo Timm

Eng.º Pedro H. Petry

Dep. Estivalete Pires

IRIRIÚ

Toríbio Soares Pereira

Franklin Roosevelt

Victor Konder

Coronel Camacho

JOÃO COSTA

Wenceslau Raboch

NOVA BRASÍLIA

Francisco de Souza Vieira

Theodoro Oscar Bohn

PARANAGUAMIRIM

Paranaguamirim

Adelaide M. Vieira

RIO BONITO

10 de Outubro

VILA NOVA

Herminia Penski

Guilherme Zilmann

O Compromisso JA

Lançado nesta semana pelo Jornal do Almoço, o Compromisso JA reforça o propósito do telejornal de estar mais próximo da comunidade. O atual compromisso é o de ampliar a cobertura sobre as condições de pavimentação das ruas de Joinville. O tema foi escolhido por meio de votação.

O jornal ¿A Notícia¿ também reconhece a relevância da causa para a comunidade. O compromisso dos dois veículos será o de acompanhar de perto este problema e desdobrar em novas reportagens, sendo agente de transformação e articulando a discussão a partir dos pontos de vista de autoridades, especialistas e da própria população.