Em forte queda desde a metade de março, o dólar chegou a atingir R$ 4,60 e retomou os patamares de antes da pandemia. A valorização do real frente a moeda norte-americana, segundo economistas, pode refletir na queda no preço dos combustíveis, mas isso não tem sido observado ainda. Entenda porque a gasolina aumentou em Santa Catarina e no Brasil na última semana, mesmo com a baixa na taxa de câmbio.

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O último levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostrou que o valor mínimo da gasolina comum em Santa Catarina passou de R$ 6,56, na semana passada, para R$ 6,64, na mesma semana em que o dólar teve mais uma queda.

O economista da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), Pablo Bittencourt, explica que primeiro é necessário entender que o preço da gasolina representa apenas 40% do total, outros 60% são etanol, impostos e a taxa de revenda. 

Composição do preço da gasolina

Veja o que compõe o preço da gasolina
Veja o que compõe o preço da gasolina – (Foto: Arte: Ben Ami Scopinho)
40% do preço que chega às bombas é a gasolina que sai da Petrobras
40% do preço que chega às bombas é a gasolina que sai da Petrobras – (Foto: Arte: Ben Ami Scopinho)
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é de administração estadual
O Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é de administração estadual – (Foto: Arte: Ben Ami Scopinho)
No preço final também está a margem de lucro de revendedoras e distribuidoras
No preço final também está a margem de lucro de revendedoras e distribuidoras – (Foto: Arte: Ben Ami Scopinho)
Custo do Etanol Anidro faz parte da composição
Custo do Etanol Anidro faz parte da composição – (Foto: Arte: Ben Ami Scopinho)
CIDE, PIS/PASEP e COFINS são impostos federais que compõem o preço final da gasolina nas bombas
CIDE, PIS/PASEP e COFINS são impostos federais que compõem o preço final da gasolina nas bombas – (Foto: Arte: Ben Ami Scopinho)

> Como a queda do dólar afeta a economia de Santa Catarina

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Por que a gasolina não ficou mais barata?

Segundo o economista, a queda do dólar deveria baixar o preço da gasolina, mas isso não ocorreu por dois motivos.

Primeiro, porque os preços de petróleo e câmbio variam a todo minuto, e a Petrobras fixa momentos de repasse — ou seja, não repassa imediatamente essas variações.

Segundo, porque o preço do barril de petróleo continua alto no mercado internacional — acima de 100 dólares.

— O preço do petróleo explodiu com a guerra [entre Rússia e Ucrânia], e a taxa de câmbio também estava muito alta. Nesse período, a Petrobras não repassou totalmente essas variações para o preço final, então houve uma defasagem. Hoje, mesmo com a queda do câmbio, o preço do petróleo ainda é muito alto. Então, a baixa do dólar apenas reequilibra. Eu diria que hoje a Petrobras está com o preço em linha com o que ela pratica — explica, acrescentando:

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— De fato com o real se valorizando, o preço da gasolina vendida pela Petrobras no posto deveria cair, mas isso não acontece […] Para haver uma queda de preços na bomba, vamos precisar de uma queda de preços internacionais do petróleo. Se chegar a algo próximo de 90 dólares, deve ter um impacto de cerca de 5% no preço da gasolina.

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