A grávida de oito meses espera a consulta na Unidade de Saúde da Família Ricardo Jung, em Pomerode, com uma dúvida. Ela ainda não sabe onde o filho vai nascer e aguarda a resposta do médico:
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– Ainda não sei se vai ter pediatra para ele nascer aqui. Queria muito poder ter meu filho em Pomerode.
Há duas semanas, o Hospital e Maternidade Rio do Testo não tem pediatra de sobreaviso para partos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O único profissional que prestava o serviço se aposentou em julho. O hospital de Pomerode é privado e tinha, até o mês passado, um convênio com a prefeitura. Mas, com a falta do especialista, os partos foram encaminhados ao Hospital e Maternidade Oase, em Timbó, onde há pediatra para fazer os primeiros testes e avaliações do recém-nascido.
De acordo com a secretária de Saúde, Kelly Dallmann, o repasse mensal ao hospital de Pomerode era de R$ 7.171,12. O corpo clínico possui dois médicos, um que se aposentou para serviços de SUS, mas que continua fazendo serviços particulares, e outro que não pode atender o sobreaviso para o SUS, pela demanda de trabalho.
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– A Secretaria de Saúde não tem vínculo de contratação para médicos do hospital. Nós repassamos, mensalmente, uma subvenção para manter o sobreaviso de algumas especialidades – explica Kelly.
Já a rede pública conta com dois médicos da especialidade que atendem na Unidade Sanitária Prefeito Alwin Klotz e no Núcleo de Apoio à Saúde da Família, mas a secretária explica que o município não pode cedê-los por questões contratuais e de carga horária:
– Esses dois profissionais fazem atendimento de rotina no SUS, mas não fazem sobreaviso. A única solução foi encaminhar os partos e as internações de crianças ao Hospital Oase, em Timbó, e fazer o repasse a eles.
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Segundo a Secretaria de Saúde, por mês, nascem 30 bebês em Pomerode, 17 pelo SUS. Desde o dia 1º de agosto, cinco nascimentos ocorreram em Timbó. Para resolver o problema e retomar os partos em Pomerode, o Hospital e Maternidade Rio do Testo teria de contratar mais um pediatra para atender o sobreaviso pelo SUS. Segundo o diretor-executivo do hospital, Rolf Kühn, a unidade de saúde começou a buscar pediatras antes mesmo do médico se aposentar. Ele afirma que já fez cinco entrevistas, mas que nenhum profissional teve disponibilidade para preencher a vaga:
– A questão salarial não é o maior problema, mas é a falta de disponibilidade de médicos pediatras para atender em Pomerode. O diretor executivo do hospital afirma que espera contatos de profissionais interessados à vaga para que os serviços voltem à normalidade e as crianças possam voltar a nascer no município.