Sônia Reiter mora no interior de Blumenau, quase no limite com o município de Pomerode. Sem energia elétrica desde quinta-feira, ela e outras 20 famílias da região da Vila Itoupava vêm enfrentando dificuldades. Não há como cortar o trato para o gado e nem mesmo bombear a água para consumo próprio. A falta de luz ainda trouxe prejuízos, com comida tendo que ser jogada fora já que não há refrigeração em meio aos dias quentes. Para fazer ligações telefônicas, Sônia precisa ir até o orelhão mais próximo, já que todos os celulares estão sem bateria.

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O problema enfrentado pela moradora da Vila Itoupava, em Blumenau, é apenas um dos milhares que ocorreram na última semana no Vale do Itajaí. Com os constantes temporais de fim de tarde na região, os casos de falta de energia elétrica se multiplicaram. Conforme dados da Celesc, a média de chamados abertos diariamente é de 750, enquanto que o normal é de 150 – aumento de 400%. Em um dos dias de pico, o número de reclamações à empresa chegou a 1.220, maior índice dos últimos 20 anos.

As regiões do Vale e Alto Vale do Itajaí estão entre as mais afetadas no Estado, por conta dos temporais com maior intensidade e que ocorrem de forma contínua. O trabalho de recuperação por parte da Celesc é detalhado, tendo em vista o grande número de chamados gerados, especialmente em função do lançamento de objetos, destroços e vegetações sobre a rede elétrica pela força dos ventos – o que resulta em rompimento de cabos, derrubada de postes e abertura de alimentadores na rede de baixa e média tensão.

O chefe regional da Celesc em Blumenau, João Marcos Ribeiro, afirma que 80% das ocorrências atendidas nesse período de temporais estão relacionadas com condição climática – raios e vegetação na rede elétrica, por exemplo –, e destaca que essa condição não é comum.

– Trata-se, sem dúvida, de uma situação completamente atípica, que supera os picos de operação previstos para qualquer concessionária pelos padrões regulatórios da Aneel. Estamos com todas as equipes de plantão mobilizadas de forma contínua desde a última semana e já contamos com reforços de outras regionais da Celesc onde os danos já estão equacionados – explica Ribeiro.

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Na sexta-feira, dia 21, por volta das 18h, foi identificado o pico de ocorrências no Estado, com o registro de 260 mil unidades consumidoras sem energia em função de temporais.

Cerca de 800 profissionais foram envolvidos na recomposição do sistema elétrico, considerando as equipes de eletricistas, de suporte nos centros de operação e apoio técnico. Os atendimentos ocorrem seguindo protocolos de prioridade para situações que apresentam risco à vida humana e locais com mais concentração de usuários, como as áreas urbanas.