Três ruas e uma servidão no Norte da Ilha viraram piscinões com as chuvas em Florianópolis. Somente na Servidão Pedro Laureano dos Santos, no bairro Ingleses do Rio Vermelho, são mais de 400 mil litros de água, segundo um funcionário da Secretaria de Obras.
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A casa do autônomo Cícero de Carvalho, de 56 anos, tem barreiras nas portas, mas elas não suportaram a força da água.
– Estamos abandonados pela prefeitura. Eles só mandam um caminhão para retirar a água, mas estão apenas enxugando gelo com a chuva contínua – lamentou o autônomo, que reside na servidão que não tem calçamento há 12 anos.
Em determinados pontos do local, a profundidade alcança a altura do joelho.
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A jovem Daieny Drago Deniz, 18 anos, se preparou para visitar o avô.
– Meu avô está doente e vim pronta para colocar a perna no piscinão. Agora, sou eu quem corre o risco de ficar doente – criticou.
Durante a produção desta reportagem, o caminhão da prefeitura estava em sua terceira viagem na tentativa de sugar a água na Servidão Pedro Laureano dos Santos, mas a maré de chuva na servidão só aumentou. O caminhão tem uma capacidade de 4 mil litros.
Água levou embora o guarda-roupa
Há três anos, a atendente Gabriela Pamplona, 20 anos, tem a mesma rotina em dias de chuva. Ela pega no colo o filho Luiz Felipe, de três anos, e enfrenta o piscinão na Servidão Pedro Laureano dos Santos. Quase sempre, ela precisa da ajuda dos vizinhos para evitar uma tragédia.
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– Já perdi tantos guarda-roupas que fiquei apenas com as prateleiras. O carro da nossa família também parou na água e tivemos um prejuízo de R$ 4 mil. Mais do que bens materiais, nós estamos perdendo a nossa dignidade – contou a jovem.
Falta uma ligação de rede
Aos 72 anos, a pensionista Diva Porck tinha um horário marcado no cabeleireiro na sexta-feira. Ela chegou no portão da sua casa na Rua Nivaldo Alfredo da Silva (Nivaldinho), mas descobriu que estava ilhada. A rua é um importante acesso do bairro Ingleses do Rio Vermelho, porque liga a Rodovia João Gualberto Soares ao outro lado da comunidade.
São dois piscinões à distância de 200 metros. A pensionista revela que o problema ocorre desde 2008, quando não ligaram a rede pluvial com a nova estrutura construída com a reforma da Rodovia João Gualberto Soares.
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– Os políticos só aparecem em época de eleição. Teve um que prometeu resolver e cheguei a votar nele, mas desapareceu. Já aumentei a base do meu portão porque a água entra em casa e até dentro do carro – disparou a pensionista, que teve a casa alagada oito vezes.
Quem passa todos os dias pelo mesmo trecho rumo ao trabalho é o motorista Sidnei Ramos, 39 anos. Ele precisa da bicicleta para não se molhar.
– Já estou cansado de chegar encharcado no trabalho. É uma falta de respeito com os moradores que pagam impostos – cobrou.
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Para desviar de possíveis buracos escondidos e evitar uma pane mecânica, os motoristas trafegam pelas calçadas.
Manutenção atrasada na Cachoeira do Bom Jesus
Duas ruas calçadas no bairro Cachoeira do Bom Jesus passam pelo mesmo problema. Os moradores das Ruas Alegria e Fernando Osvaldo de Oliveira têm receio de voltar para a casa em dias de tempo chuvoso. As ruas também ficam intransitáveis.
– Fico com medo de sair de casa com a rua alagada. Já fizeram uma reunião com os representantes da prefeitura, mas esbarramos apenas nas promessas. É uma vergonha um ponto turístico que recebe tantos visitantes ser tratado com tanto descaso, porque só precisam limpar a rede pluvial – observou a auxiliar administrativo Renata Lobato, 30 anos, que reside na Rua Alegria.
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O que diz a prefeitura
A assessoria de imprensa da Secretaria de Obras divulgou uma nota oficial:
“A Secretaria de Obras informa que no bairro Cachoeira do Bom Jesus, as ruas Alegria e Fernando Osvaldo de Oliveira têm projeto e que esse está na fase final de licitação para escolha da empresa que vai executar a obra.
Já no bairro do Ingleses do Rio Vermelho, a prefeitura elaborou o projeto para a Rua Nivaldo Alfredo da Silva e a Servidão Pedro Laureano dos Santos e está aguardando a liberação de recursos financeiros para lançamento da licitação”.