Atualmente, os dados mais atualizados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que a população joinvilense com mais de 60 anos — idade considerada pelo Estatuto do Idoso como “marco” para esta faixa etária — é de pelo menos 58.500 pessoas. A expectativa de vida também cresceu: o censo do IBGE de 1991 mostrava que a expectativa de vida do joinvilense na época era de 72,6 anos. Ela saltou para 78,3 anos no último censo, feito em 2010. Da mesma forma, a cidade tinha uma população com mais de 65 anos estimada em apenas 12.196 habitantes em 1991.

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Para o assistente social Valmir Poli, do Conselho Municipal dos Direitos dos Idosos, a expansão da oferta de casas de repouso, que em Joinville cresceu em 350% nos últimos 10 anos, é causada por três fatores: o aumento crescente na expectativa de vida, as mudanças no perfil das famílias e a falta de políticas públicas para garantir qualidade de vida às pessoas idosas.

— O Brasil não estava preparado para esta mudança. Não temos políticas públicas eficientes nem cidades preparadas para que eles tenham autonomia. Além da longevidade, houve as mudanças nas famílias: as pessoas estão morando mais longe dos familiares, em casas menores e apartamentos, e homens e mulheres estão trabalhando o dia inteiro. Então, o idoso que não pode ficar sozinho vai para uma instituição — analisa Valmir.

Segundo ele, muitos idosos não tem consciência de seus direitos, que vão desde a gratuidade no transporte público e em viagens interestaduais até medicamentos gratuitos e isenções tributárias, passando pela meia-entrada em eventos culturais, esportivos e de lazer. São aspectos que tem como objetivo garantir a saúde, a autonomia e o bem-estar das pessoas com mais de 60 anos para que essa fase da vida, que atualmente pode durar décadas, seja de independência.

— As pessoas deixam de fazer certas coisas, como dançar, dizendo que ficaram velhas. Mas elas precisam se manter ativas justamente porque estão envelhecendo — afirma Regina Krause, diácona do Ancianato Bethesda, onde a média de idade dos moradores é de 88 anos, dez a mais que a média atual em Joinville.

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Não se aposentar para a vida

Em alguns casos, são os próprios idosos que decidem viver em uma casa de repouso, tanto por querer evitar a solidão quanto por não sentir-se à vontade de depender dos filhos e netos. Paulina Vieira, 72 anos, tomou esta decisão há três meses: ela mesma pesquisou entre as instituições de Joinville para escolher onde iria morar. Antes, ela vivia com o filho, a nora e a neta.

— Aqui eu converso com outras pessoas da minha idade, tenho assunto. E posso ajudar com aqueles que estão mais debilitados, o que faz com que eu me sinta útil — afirma ela.

A mesma situação é vista com muita frequência no Ancianato Bethesda, o mais antigo em funcionamento em Joinville. O local é estruturado para que os moradores mantenham suas individualidades, mas tenham fácil acesso à convivência em grupo. Atualmente, são 93 idosos que moram no mesmo prédio e tem atividades com regularidade no mesmo local, como atividades físicas, culturais e sociais. Além disso, o formato de “comunidade” é reforçado pelo fato de cinco deles serem eleitos para compor o conselho sênior, com a responsabilidade de contribuir com as decisões da instituição.

— Apenas mudar de residência não vai melhorar a qualidade de vida. Eles precisam ter atividades em todas as dimensões, físicas e psicológicas, e continuarem em atividade. Ninguém pode se "aposentar da vida" — afirma a diretora do Bethesda, Cristiane Gilgen.

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