A população de quatro bairros do município sofre com a recorrente falta d’água, apesar de os moradores estarem em dia com as contas da Casan. Em busca de uma solução, eles se organizam em associações de bairro, buscando melhorias por parte do poder público. Outros, já descrentes, apelam para soluções alternativas, convencidos de que o abastecimento não vai melhorar.
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No Morro da Bela Vista, no Bairro Fundos, a água da Casan, quando chega, atende só quem vive nas regiões mais baixas, até pouco mais da metade do morro. Cansados de esperar, alguns moradores decidiram utilizar a água de nascentes para abastecer as casas.
Poços e 30 casas atendidas
Foi o que fez o comerciante Vitorino Richards, 63, no sítio de 36 hectares onde planta temperos. Vitorino usa a água de duas nascentes, que vertem da encosta. Sob cada uma, construiu um poço de pedras, de onde canaliza a água para abastecer a propriedade. De duas represas – uma potável, outra não – sai a água cedida, de graça, a 30 moradias, por uma mangueira, morro abaixo.
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Protesto no vendaval
No Bairro Jardim Vendaval, a Associação de Moradores organizou ontem um protesto para chamar a atenção da prefeitura para o problema na região, que sofre com falta de água pelo menos três vezes por mês, segundo o presidente, Elias Tadeu Lima.
– O principal problema é a falta de água nas escolas, que são obrigadas a suspender as aulas até o retorno do abastecimento. Na semana passada, quando rompeu a adutora da Casan, foram três dias – contou Elias.
Água limpa
O professor doutor Maurício Luiz Sens explica que há várias técnicas para coletar água sem contaminação, dependendo do local. Se a água correr de uma encosta, por exemplo, é possível construir uma caixa de concreto abaixo da vertente e aproveitar a gravidade para que a água brote nela. Caso flua em uma baixada, pode-se construir poços ao redor, para que a água migre para lá e seja filtrada pela terra.
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Pode contaminar
A ajuda de Vitorino é a salvação de Eliane Pischke:
– Agora é água o bastante, do morro. Vou até cancelar o registro da Casan. Antes era um sofrimento – conta ela, que bebe da mesma água, mas teme a origem.
O professor e doutor do curso de Engenharia Sanitária Ambiental da UFSC, Maurício Luiz Sens, explica que, mesmo sem poluição humana, a água de vertentes naturais pode ser contaminada:
– Se na captação não se isolar a água de elementos poluidores, como fezes de animais, há risco de contaminação.
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Para se vender água, é preciso tratá-la e ter concessão da prefeitura.
Obras da Casan
O gerente da Casan em Biguaçu, João José Cordeiro, explica que a região está no extremo da rede de abastecimento, que vem de Santa Amaro da Imperatriz, recebe tratamento em Palhoça e leva até 48h para chegar. Por isso, qualquer acidente na rede pode interferir no abastecimento local. No entanto, argumenta que uma série de melhorias foram feitas recentemente no município.
No Bairro Jardim Vendaval, a Casan afirma que realizou ampliação na rede de abastecimento no início do ano. E que, desde então, os problemas de diminuíram. O Bairro Saveiro também contou com obras, no ano passado.
Afetados
Nas regiões do Morro do Ivo, no Bairro Prado, e Morro da Bela Vista, no Fundos, a Casan diz contar com um sistema eficaz de bombeamento de água e garante não ter recebido reclamações. Na semana passada, um entupimento da rede provocou falta de água em algumas localidades no Prado, mas a gerência afirma que o problema já foi solucionado. – Quem estiver sem água deve nos procurar, porque não há motivos. Pode ser um problema pontual de entupimento,- diz o gerente.
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