Em assembleia, na noite desta segunda-feira, os trabalhadores do transporte público da Grande Florianópolis decidiram manter a greve por mais 24 horas. Isso significa que os moradores da região enfrentarão mais um dia sem ônibus. A greve de motoristas e cobradores começou na madrugada de segunda.
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O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com uma ação no Tribunal Regional do Trabalho pedindo que os ônibus circulem nos horários de pico. De acordo com a lei 7.773, o transporte coletivo é considerado serviço essencial e, por isso, os grevistas deveriam manter uma frota mínima que atenda às necessidades básicas da população. A lei não estabele nenhuma porcentagem. O número de ônibus é definido após o início da greve pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT).
No caso da atual paralisação, o Ministério Público está solicitando ao TRT que a frota mínima seja de 100% nos horários de pico.
O assessor da diretoria do Sintraturb, Ricardo Freitas, informou que a categoria estaria disposta a operar em 100%, mas sem a cobrança de tarifa aos passageiros.
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– É só a justiça autorizar que colocamos toda a frota, mas com a catraca livre – afirmou.
Para chegar a um acordo, a primeira audiência de conciliação será nesta terça-feira, às 13h30min no TRT. Antes da audiência de conciliação, está previsto um almoço dos motoristas e cobradores de ônibus no Centro da Capital. Logo após o almoço, os trabalhadores devem seguir caminhando até o TRT, onde pretendem fazer um protesto com apitos.
:: Entenda a situação do transporte público
O que diz a lei sobre a frota mínima em Santa Catarina?
A lei de greve nº 7.783 coloca o transporte público como um serviço essencial. Neste caso, deve ser mantida uma parcela mínima do serviço, que atenda à população. Por ser um critério subjetivo, quem fixa essa porcentagem é o Tribunal Regional do Trabalho, após solicitação do Ministério Público do Trabalho. De acordo com a professora de Direito do Trabalho da Univali e advogada trabalhista Dirajaia Esse Pruner, a parcela, em caso de greve de ônibus, costuma ser de, no mínimo, 30% da frota.
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O que acontece quando não é cumprido um serviço básico?
O Ministério Público do Trabalho pode entrar com uma ação, junto ao Tribunal, pedindo por esta fixação da frota. O Tribunal avalia o caso e pode estipular a porcentagem. Se essa frota mínima não for comprida, pode haver penalidades, que podem ir desde a multas para o sindicato até o desconto aos trabalhadores por cada dia de paralisação.
A greve é legal?
A professora Dirajaia confirma que a greve é um direito do trabalhador, desde que sejam atendidos requisitos básicos.
Se o funcionário não conseguir chegar ao trabalho em função da greve, ele pode ter o dia descontado?
A lei não coloca a greve de ônibus como uma justificativa de falta, ou seja, o dia não trabalhado poderá ser descontado. Mas, por questão social, os empregadores acabam entrando em acordo com seus funcionários, disponibilizando, inclusive, formas alternativas de transporte.
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Quanto é o salário dos motoristas e dos cobradores hoje?
Hoje, os motoristas ganham R$ 1.517 e cobradores, 60% desse valor.
A tarifa vai aumentar na Grande Florianópolis?
O vice-prefeito e secretário municipal de Transportes, Mobilidade e Terminais, João Batista Nunes garante que essa hipótese está descartada. Segundo ele, as reivindicações dos trabalhadores deverão ser feitas com o intermédio do Ministério Público do Trabalho e de maneira a não onerar mais a população.
Caso a jornada de trabalho fosse reduzida, quantos trabalhadores a mais seriam necessários?
Segundo o vice-prefeito, seriam necessários mais 127 motoristas e 117 cobradores de ônibus.
Veja em fotos a situação do Centro da cidade sem ônibus no fim da tarde desta segunda-feira
:: Serviço de Transporte Especial
Funcionamento:
— Cinco bolsões de transporte alternativo serão criados na região central de Florianópolis.
— A frota, de 430 veículos, será composta por ônibus, micro-ônibus e vans já cadastrados pela prefeitura para turismo e transporte escolar.
— Nos bairros, os passageiros vão embarcar e desembarcar nos pontos de ônibus. Os terminais de integração estarão fechados.
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:: Regiões atendidas
– Área central, Continente, Norte da Ilha, Leste da Ilha e Sul da Ilha.
:: Percurso
– Os veículos vão percorrer o mesmo trajeto do transporte coletivo e estão orientados a parar em todos os pontos de ônibus que tenham passageiros.
:: Preço da passagem
– R$ 4 para a área central da cidade, que vai do Centro ao Norte, até o Floripa Shopping, ao Leste até o Itacorubi e ao Sul até o aeroporto.
– R$ 5 para as outras regiões.
:: Horário de circulação
– Das 5h às 20h.
– Após esse horário, os veículos só vão circular se houver demanda.
Fonte: Secretaria Municipal de Transportes, Mobilidade e Termina

O que querem os trabalhadores
::: Aumento salarial com base no INPC e mais 5%.
::: Redução da jornada de trabalho de 6h40min para 6h, sem redução salarial.
O que diz o Setuf
::: A diminuição da carga horária é inviável, pois exigiria a contratação de mais funcionários, e as empresas não podem arcar com o custo, que teria impacto no preço da passagem.
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::: A prefeitura já sinalizou que não vai mais autorizar aumento de tarifa.