O número de fraturas no quadril em decorrência da osteoporose, doença que enfraquece os ossos, deve crescer 32% até 2050 no Brasil, segundo estudo divulgado pela Internacional Osteoporosis Foundation (IOF). Segundo a pesquisa, o crescimento está relacionado ao envelhecimento da população. No país, o número de pessoas com mais de 70 anos aumentará 380% até 2050 e representará 14% da população brasileira.

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Atualmente, a osteoporose atinge três milhões de pessoas no Brasil. A incidência entre as mulheres é maior, chegando a atingir uma em cada três mulheres com mais de 50 anos. O estudo aponta, no entanto, que a maioria sequer possui um diagnóstico da doença.

– As projeções de crescimento da osteoporose servem de alerta para as autoridades de saúde – disse o médico José Zanchetta, especialista em osteologia e um dos autores do estudo.

Vera Matilde de Almeida, de 83 anos, que participou da divulgação do estudo, disse que há cinco anos descobriu que tinha a doença.

– Achatei uma vértebra quando fazia atividade física. Doeu muito – lembra.

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Ela já tinha sofrido cinco fraturas em diferentes partes do corpo, mas o diagnóstico de osteoporose só veio tardiamente.

– Tive que passar por cinco médicos para ter uma orientação definitiva – disse.

Com o tratamento, Vera tem uma vida normal, mas não pode descuidar dos cuidados com os ossos.

Pesquisa na América Latina

O estudo Osteoporose na América Latina: Epidemiologia, Custos e Relevância reuniu dados de 14 países: Brasil, Chile, Argentina, México, Uruguai, Peru, Venezuela, Cuba, Costa Rica, Colômbia, Bolívia, Nicarágua, Panamá e Guatemala. Assim como o Brasil, daqui a três décadas, a maioria desses países terá pelo menos o dobro da sua população com mais de 70 anos.

As fraturas são o componente de maior risco da doença, especialmente as de quadril.

– Cerca de 20% das mulheres que tem esse tipo de fratura morrem até um ano depois da queda em decorrência de complicações – alertou o médico reumatologista Cristiano Zerbini, um dos brasileiros a participar do estudo.

Segundo o médico, o fator psicológico também afeta os pacientes, pois eles perdem grande parte de sua autonomia. Pelo menos 55% das pessoas precisa de ajuda para tomar banho e 68% terá incontinência fecal e urinária.

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Apoio à pesquisa, campanhas de prevenção, aumento da capacidade de formação dos médicos e formulação de políticas nacionais de saúde são algumas das recomendações apontadas pela pesquisa para possibilitar um menor impacto da doença daqui a 30 anos. Segundo Zerbini, essas ações vão possibilitar uma melhor qualidade de vida para quase 40% da população, considerando que esse será o percentual de pessoas com mais de 50 anos em 2050.

Perda de cálcio

De acordo com o médico brasileiro, todos perdem massa óssea com a idade. Ele explica que a perda normal é de 0,5% por ano a partir dos 45 anos.

– Uma perda equivalente a 25% do esqueleto leva ao paciente a ter grande possibilidade de fratura. Em termos quantitativos, é isso que chamamos de osteoporose – explicou.

Segundo o IOF, o fator genético é responsável por 80% da formação óssea de uma pessoa. O restante depende de cada um e pode ser feito através da aquisição de cálcio e a prática de atividades físicas.

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– Leite e derivados são as formas mais eficazes de adquirir cálcio – disse Zerbini.

Segundo o médico, para possibilitar a absorção do cálcio, é necessário um mínimo de exposição de 15 minutos ao sol durante três vezes por semana.

– O Brasil, mesmo sendo uma região ensolarada, tem uma deficiência de vitamina D maior do que o Canadá e a Escandinávia – disse o reumatologista.