Um acidente na Rua Iguape, no bairro Itoupava Seca, trouxe à tona uma demanda dos moradores: a instalação de travessias elevadas para pedestres, que possam reduzir a velocidade média dos carros. Mas este não é o único local da cidade em que a comunidade defende a implementação do equipamento. O diretor de Planejamento Viário de Blumenau, Julian Plautz, conta que a cidade tem cerca de 300 solicitações de travessias elevadas. Os pedidos se distribuem em diferentes bairros, mas em geral estão localizados em vias de loteamentos e transversais usadas como rotas alternativas para o trânsito. É o caso de vias transversais da Rua 2 de Setembro como a Rua Henrique Benertz, no bairro Itoupava Norte.

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A situação também é enfrentada na Rua Agobar Branco, no bairro Vila Nova. Lá, pais de cerca de 100 alunos de uma escola infantil particular estão aderindo a um abaixo-assinado que pretende pedir à prefeitura a instalação de uma faixa elevada, ou ao menos de redutores de velocidade com placas. O objetivo é aumentar a segurança das crianças que atravessam ali, assim como dos moradores.

– Os carros passam em alta velocidade. A gente tem medo de que uma criança solte a mão do pai e vá para a rua, é extremamente perigoso. Mas já tentamos (pedir a travessia elevada) de várias formas e até agora não tivemos resultado nenhum – conta a proprietária da escola, Jacqueline Luders.

::: Após acidente, moradores cobram instalação de redutor de velocidade em rua atrás da Furb

Plautz afirma que em muitos desses pedidos há restrições para a instalação. Resoluções do Contran – uma delas publicada na semana passada – exigem, por exemplo, que haja calçadas dos dois lados, altura limitada a do meio-fio, alta demanda de pedestres, visibilidade, no máximo duas pistas para carros e declives menores do que 6% nas ruas que forem receber as faixas elevadas.

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– Embora elas acabem ajudando a reduzir a velocidade, o objetivo maior das travessias elevadas é o de acessibilidade, por causa dos cadeirantes – frisa o diretor Plautz.

A especialista em Segurança no Trânsito Márcia Pontes confirma que a população não pode ver as travessias elevadas como se fossem quebra-molas e que elas estão voltadas unicamente à segurança do pedestre. No entanto, há um grupo de 35 solicitações que são consideradas prioritárias pelo município. Nessas ruas estão escolas, creches e ambulatórios gerais. Porém, a falta de recursos surge como um obstáculo a ser superado .O custo estimado em uma via de duas pistas é de R$ 15 mil.

No ano passado, uma emenda parlamentar de R$ 250 mil de uma deputada federal foi prometida ao município. Entretanto, até o momento o recurso não foi liberado. A expectativa é de que após o período eleitoral esse dinheiro possa ser liberado.

Além disso, como o município tem limitação de recursos próprios para assumir esse tipo de serviço, a prefeitura busca incluir outras emendas parlamentares para este fim no orçamento do ano que vem.

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– Infelizmente a gente não tem hoje receita para poder fazer (as travessias elevadas solicitadas), mesmo entendendo a necessidade que existe. Vamos buscar essa captação via emendas parlamentares e tentando alguma coisa de recurso próprio para o orçamento do ano que vem – garante o secretário de Gestão Governamental, Paulo Costa.

"O melhor redutor é o pé no freio", diz especialista

Com a dificuldade de recursos, este ano as únicas faixas elevadas construídas pelo município foram as que ficam em frente à policlínica, no bairro Itoupava Norte, e ao Ambulatório Geral do bairro Escola Agrícola, porque foram incluídas nos projetos destes espaços de saúde. Segundo o diretor é mais fácil conseguir verba desta forma do que buscar recursos exclusivamente para a construção das travessias elevadas. Uma parceria público- privada também permitiu a construção de faixas elevadas no bairro Bom Retiro, onde empresas custearam o material aplicado e a prefeitura ficou responsável pela sinalização.

Enquanto os recursos não chegam, a diretoria de Planejamento Viário trabalha com outras soluções de menor custo. Na Rua Iguape, por exemplo, onde houve o acidente esta semana, a saída deve ser optar por estreitamento das pistas e reforço na sinalização para tentar influenciar na redução de velocidade dos motoristas que passam por ali.

– No fundo, cria-se esse custo elevado para o Estado, mas o grande problema ainda é a imprudência – avalia Plautz.

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A especialista em segurança no trânsito Márcia Pontes confirma que o principal problema ainda está no comportamento do condutor. Na avaliação dela, se todos os pedidos de travessia elevada fossem atendidos haveria piora na qualidade do trânsito e atraso no tempo de socorro de ambulâncias e bombeiros:

– O melhor redutor chama- se pedal de freio e está ao alcance do motorista, ou da mão do motociclista. Cada um tem que fazer a sua parte, não tem outro jeito. Trânsito é comportamento. Ou todos aprendem a levar o carro na velocidade da via, ou todo mundo vai pagar.