Ao longo destes dez anos de Hora de Santa Catarina, surgiram registros de pontos de ônibus quebrados. Os pedidos de melhorias eram – e ainda são – publicados principalmente nas colunas Pede-se Providência, do Mário Motta, da Laine Valgas e como Seu Problema é Nosso. Desta vez, a blitz da Hora passou por vários cantos de Florianópolis e verificou que muitas estruturas estão danificadas pela ação do tempo, por conta de acidentes de trânsito, mas, principalmente, por causa do vandalismo. E chegamos à conclusão: a Prefeitura deve fazer seu papel de manter os pontos limpos e inteiros, mas a população precisa aprender a respeitar o patrimônio público e o que também é seu. Afinal, para reformar essas estruturas, é usado muito dinheiro público: R$ 500 mil por ano.
Continua depois da publicidade

Ao percorrer dezenas de ruas de Floripa, deu para perceber que muitos dos pontos de ônibus já haviam passado por algum tipo de reforma: o teto foi trocado por um de ferro, a estrutura de acrílico (que parece um vidro) foi trocado por telas de ferro, sem contar os pontos que foram totalmente substituídos. Segundo o fiscal responsável pelos pontos da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, Maurício Carlos Pereira, 34 novas estruturas foram colocadas no último mês na Avenida Ivo Silveira, na Rua Prefeito Dib Cherem e Santos Saraiva, no bairro Capoeiras, por exemplo.
Mesmo assim, durante um bom passeio, encontramos muita coisa feia. No Rio Vermelho, na rodovia João Gualberto Soares, o ponto de ônibus de número 64 está com os vidros de proteção danificados e o teto, que ainda é o de acrílico azul, está com uma parte quebrada que deixa os usuários ao ¿ar livre¿.
— Está desde o começo do ano deste jeito e ninguém apareceu para arrumar. Mas acho que o maior problema dos pontos de ônibus é o vandalismo — lamenta a vendedora Alessandra Cláudia Vicente, de 27 anos.
Continua depois da publicidade
Vidros quebrados também foram encontrados na rodovia Gilson Xavier, em Santo Antônio de Lisboa, no ponto de número 28. Nos Ingleses, na rodovia João Gualberto Soares, no ponto 73, há pichações e vidros quebrados. Em contraste, do outro lado da rua, por exemplo, o ponto de número 13 está novinho em folha.
No continente, no bairro Estreito, um ponto de ônibus da rua Professor Barreiros Filho está tão abandonado que somente há o banco amarelo de ferro por lá. Segundo moradores, um carro bateu na estrutura há dias e ficou por isso. Quando chove, não há nenhum tipo de proteção.

No Morro da Cruz, na Avenida do Antão, o ponto 7 está com parte do banco amarelo quebrado. Apenas uma barra de ferro sustenta o banco – coisa que para sentar, fica bem ruim. Fora o mato que deixa o local com uma aparência de abandono.
Continua depois da publicidade
No início do ano, os moradores do Rio Tavares, no Sul da Ilha, decidiram eles mesmos construírem um ponto, após a estrutura ser destruída em um acidente com um ônibus. Demorou tanto, que eles mesmos levantaram um ponto de madeira.
Situação é pior no Saco dos Limões e na Costeira do Pirajubaé
Ao correr pela rua principal do bairro Saco dos Limões, a Avenida João Motta Espezzim, encontramos praticamente todos os pontos de ônibus depredados. O ponto de número 12, por exemplo, estava pichado e quebrado.

— Acho que não temos o que fazer para evitar a ação de vândalos, mas a Prefeitura poderia pelo menos garantir a limpeza — observou a faxineira Rosane da Silva Goulart, 45.
Continua depois da publicidade
Em situação parecida estavam os pontos de número 5 e 8, na mesma João Motta Espezzim. Eles tinham até barras de alumínio arrebentadas, o que poderia facilmente atingir e machucar alguém.
O presidente da Associação de Moradores do Saco dos Limões (Amosac), Jaisson Andrade, disse que já pediu a reforma dos pontos — pelo menos dos mais próximos à escolas — mas não teve retorno.
Já na Costeira, na avenida Jorge Lacerda, o ponto de número 19 também tinha as barras de alumínio, o vidro e o teto completamente quebrados e arrebentados — a situação mais complicada encontrada.
Continua depois da publicidade
— Quando chove, molha muito. É um ponto que aglomera muitas pessoas. Acho que poderiam investir em um material de mais qualidade — opina a usuária do transporte coletivo, Maria Terezinha Venturini, 45.

Solução
Atualmente, existem 1,1 mil pontos de ônibus em Florianópolis. De acordo com o fiscal Maurício Carlos Pereira, deste total, 340 já possuem contrato de publicidade, ou seja, eles foram licitados para que empresas que queiram divulgar sua marca no espaço sejam as responsáveis pela manutenção do ponto. Foi avaliado ainda que outros 460 pontos são viáveis para este mesmo tipo de concessão e um edital deve ser aberto ainda em julho.
Os demais 300 são de responsabilidade da Prefeitura de Floripa e segundo o fiscal, deste montante, 80 precisam passar por algum tipo de reforma, que serão realizadas em até 90 dias. Os pontos com problemas foram verificados através de fiscalizações de funcionários da Secretaria de Mobilidade Urbana e por reclamações.
Continua depois da publicidade
— Todos os pontos, em um determinado momento, devem ter concessões para publicidade. É um gasto que a Prefeitura pode evitar, já que as empresas são obrigadas a manter os espaços limpos — explicou Maurício Pereira.
Todos os anos, a Prefeitura de Floripa disponibiliza R$ 500 mil para reforma de pontos. E pelo menos 80% do valor, afirmou o fiscal, é destinado para arrumar atos de vandalismo.
— Tem situações de acidentes de trânsito e ação do tempo, como tempestades. Mas a grande maioria dos casos são atos de vandalismo. Registramos principalmente o furto de alumínio como o maior problema — ressaltou Pereira.
Continua depois da publicidade
Há uma licitação para agosto para a compra de 50 novos pontos que serão trocados por antigos. Nenhum deles é de alumínio, para evitar ações de furtos e vandalismo.
Onde cobrar
Se você encontrar ou estiver cansado de usar um ponto de ônibus depredado, o reclame deve ser feito à Prefeitura através do telefone da Ouvidoria da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana: (48) 3324-1517. O órgão é o responsável por fiscalizar e reformar as estruturas.