Ela carrega sobre os pilares de granito o peso de ser a primeira a unir os dois lados do Itajaí-Açu. Neste sábado, a Lauro Müller, a Ponte do Salto, em Blumenau, completa um século de uso. E retrata o início de um drama que se repetiria 100 anos depois na cidade.

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A exemplo da nova ponte do Centro, do Bandenfurt e do Tamarindo, a cidade divergia do local da nova ponte e por falta de recursos, parou pela metade por 17 anos. A construção foi possível pela influência política da região, no início da formação do município de Blumenau.

Veja aqui a galeria de fotos com a trajetória da ponte

Após a revolução federalista, em 1895, as finanças do Estado estavam abaladas. O governo federal concedera empréstimo de 2 mil contos de réis os Estado e 600 contos seriam destinados a Blumenau para a construção da estrada até Curitibanos e uma ponte sobre o Itajaí-Açu.

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O governador Hercílio Pedro da Luz, ex-funcionário público em Blumenau, assumiu a dívida com a região. Segundo as memórias do agrimensor José Deeke, a opinião pública pedia uma ponte no Centro e não se contentava com a demora do envio dos recursos.

Mas o comerciante da Itoupava Seca, o deputado Pedro Cristiano Feddersen, ajudou a intermediar o conflito. Feddersen tinha terras na região e também lhe interessava a ponte próxima às corredeiras do Salto. Blumenau ainda fazia limites com Lages e a nova travessia seria útil a quem vinha do Rio do Testo, Vila Itoupava e Joinville.

– Naquele momento, não se pensou no futuro. A ponte dava de frente para uma pedreira. Mas também havia o interesse geográfico para que a região se desenvolvesse – explica a diretora do Departamento Histórico de Blumenau, Sueli Petry.

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Se fosse construída no Centro, custaria mais

Os engenheiros Krohberger e Odebrecht comprovaram que se fosse no Centro, custaria três vezes mais, pelo risco de enchente e pelo impacto na navegação. No ano seguinte, começaram as obras dos três pilares de pedra. No final de 1898, a base estava pronta. Como Hercílio Luz não era mais governador, a ponte deixou de ser prioridade.

Somente após 1911, com a segunda maior enchente de Blumenau, vieram recursos. Da Alemanha, chegou o aço e, nove meses depois, a ponte foi inaugurada. Hoje, a plataforma sustentada pelas pedras extraídas do Alto Vale não triunfam integralmente.

Ponte cedeu em 1982

Em 1982, o tabuleiro de madeira cedeu com a corrosão do aço. Um caminhão chegou a cair no fosso. O que era de ferro foi implodido. O aposentado Bento Aparecido Vigeta cruzava diriamente os dois lados desde 1968, a bordo do Fusca azul claro.

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– Nunca teve manutenção e enferrujou na cabeceira. Eu tinha que dar a volta pela Ponte da Rua Santa Catarina para cruzar o rio – relembra.

No lugar, a atual armação metálica e uma passarela foram implantadas. Mas as bases de pedra, intactas, que hoje sustentam o peso de 19,8 mil veículos por dia, são aquelas que permitiram um dia a discreta marcha de carroças, carros de mola e bicicletas.

Leia a reportagem completa na edição do Santa deste fim de semana.