A Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, foi coberta por um mar de gente na cerimônia de reabertura nesta segunda-feira (30). As passarelas laterais estavam tomadas pelo público para acompanhar o desfile de carros antigos. Assim que o último veículo passou, a pista central foi tomada. Era a união definitiva de moradores e turistas com a Velha Senhora, interditada até então há quase três décadas.

Continua depois da publicidade

Veja como foi a cerimônia de reabertura da Ponte Hercílio Luz

Confira uma galeria de fotos da reabertura

Não bastava apenas ver a Ponte Hercílio Luz reaberta. As pessoas tinham que pisar sobre ela, caminhar sobre a estrutura. Uma ação aguardada com ansiedade por mãe e filha. Isabel Cristina Oliveira, 48 anos, e Bianca Marcela Testa, 26, queriam caminhar sobre a passarela para pedestres. Elas moram no Balneário Estreito e esperaram na parte continental. Longe da cerimônia, realizada na cabeceira insular, ficaram emocionadas com o público que cantou o Hino Nacional. Para Isabel, foi inevitável lembrar do pai, que queria muito ver a ponte reaberta e não pôde.

Isabel Cristina Oliveira e Bianca Marcela Testa participaram da solenidade
Isabel Cristina Oliveira e Bianca Marcela Testa participaram da solenidade (Foto: João Lucas Cardoso)

— Lembro quando era menina ver o Carnaval na Nego Quiridu sobre a Hercílio Luz, teve até um samba-enredo sobre a ponte que me recordo da letra até hoje. Fiquei esperando no sol, passando mal, para poder passar na ponte. Eu lembro do meu pai aqui, seu José Hernani, que era o sonho dele ver a ponte reaberta, mas morreu no meio do ano — emocionou-se Isabel.

Continua depois da publicidade

Sentimento parecido de Raquel de Abreu, de 62 anos. Ela esteve na reabertura com o marido, Francisco, e dois filhos portando um retrato dos pais, o seu Dalmiro é dona Helena, ambos falecidos.

— A mãe faleceu no ano passado e sonhava com a ponte aberta de novo, então resolvi trazê-los em retrato. A lembrança que tenho de quando pequena é das pernas do meu pai caminhado sobre a ponte, a cena é dos sapatos dele sobre a madeira e o mar embaixo.

Ricardo Adriano Nazario foi caracterizado de manezinho
Ricardo Adriano Nazario foi caracterizado de manezinho (Foto: Tiago Ghizoni)

A concentração de pessoas nas cabeceiras da ponte Hercílio Luz começou cedo. Já era grande o número de pessoas bem antes da cerimônia de abertura. Era 9h e o sol forte e o calor não era capaz de tirar a animação do cobrador Ricardo Adriano Nazário. Com ajuda da esposa, Cristiane Rangel, ele se vestiu da melhor forma para ficar caracterizado como manezinho. Chapéu, camiseta que expressa amor por Florianópolis, bermuda estampada. Foi assim que viu a Hercílio Luz reaberta.

— Cheguei a trocar o horário de trabalho para estar aqui. Tenho foto quando criança de berço com a ponte ao fundo. Acompanhei a obra, passava perto de bicicleta ou correndo e via a restauração. Tenho um orgulho imenso desse símbolo da cidade — conta o morador do bairro Saco Grande, de 30 anos.

Continua depois da publicidade

O casal João Martins e Letícia Martins foi de bike
O casal João Martins e Letícia Martins foi de bike (Foto: Tiago Ghizoni)

Muitos ciclistas também aguardaram para passar pela ponte. Quando a pista central foi liberada ao público, uma fila deles estava formada para pedalarem juntos. O casal João Martins, de 46 anos, e Letícia Martins, 41, fizeram o trajeto tão aguardado.

— Viemos com a expectativa de passar pela ponte, mas com receio. Não sei, depois de tanto tempo fechada, a gente não acredita. É um momento muito feliz, porque a gente vê a cidade ganhar em mobilidade. Quando era criança, Florianópolis era uma cidade pequena, com vias simples — conta a pedagoga.

Leia também:

Moacir Pereira: População vibra com reabertura oficial da Ponte Hercílio Luz

Estela Benetti: Serviços das cabeceiras da Ponte Hercílio Luz serão privatizados pelo governo do Estado