Economia portuária, único aeroporto do Litoral e história político-administrativa relacionadas. Todas estas características fazem de Itajaí e Navegantes municípios fortemente ligados, o que se reflete no grande fluxo diário de pessoas entre as duas cidades.
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A BR-101 é a principal ligação existente e outra alternativa rápida para trabalhadores, estudantes e turistas é o ferry-boat, que começou as atividades em 1967. Com o passar do tempo e o aumento da população, as estruturas ficaram sobrecarregadas. Para desafogar o tráfego, uma nova proposta sempre foi o desejo dos itajaienses e navegantinos: um terceiro acesso entre os municípios, através de ponte ou túnel subaquático. Os estudos calcularam pré-orçamentos e inclusive houve concepção do projeto arquitetônico de uma ponte turística, mas nada saiu do papel.
A Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) de Itajaí, por meio da assessoria de comunicação, confirmou à reportagem de O Sol Diário que somente estudos sobre a ponte foram feitos nos últimos anos, sendo que nenhum deles se tornou projeto e passou pelos setores responsáveis no órgão estadual até agora.
As ideias que chegaram mais perto de virar realidade foram as apresentadas pela Associação dos Municípios da Região da Foz do Rio Itajaí (Amfri). Em 2008, a Associação começou estudo de uma ponte estaiada e os primeiros recursos chegaram a ser alocados no orçamento federal.
A obra teria apelo turístico e sairia dos fundos do escritório da Perdigão, em Itajaí, margeando a estrada que leva à Praia de Cabeçudas até alcançar cerca de 60 metros, para depois descer até Navegantes na forma de caracol. Em 2009, as análises continuaram, mas a concepção do projeto não avançou.
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– O pré-orçamento chegou a mais ou menos R$ 200 milhões para o valor da obra. Mas acabou não tendo continuidade por questões de verba federal e porque demanda muitas preocupações, como o impacto de jogar mais tráfego em uma região tão movimentada – observa o secretário executivo da Amfri, Célio Bernardino.
União de forças
A secretaria de Governo de Navegantes afirma que o poder público local sempre manifestou interesse em construir uma ponte, mas destaca que hoje não há nenhuma novidade sobre o assunto. A tentativa mais recente de avanço ocorreu em 2010, quando uma emenda foi feita pela bancada catarinense no Congresso para que a obra fosse incluída no orçamento da União – a ponte, no entanto, não foi contemplada, e depois disso não ocorreram mais debates.
O secretário de Urbanismo de Itajaí, Paulo Praun Cunha Neto, também informa que atualmente não existe nenhuma movimentação relativa à concepção da ponte. Ele considera que para a obra ser efetivamente planejada, seria necessário esforço político conjunto.
– As prefeituras da região não têm condições de encabeçar isso sozinhas, seja política ou financeiramente – destaca.
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Segundo o ferry-boat, obra não inviabiliza balsas
A Empresa de Navegação Santa Catarina, responsável pelo ferry-boat que faz a travessia entre Itajaí e Navegantes, diz que só poderia comentar eventuais impactos de uma ponte no transporte de passageiros se o projeto efetivamente existisse.
Wilimar Keller, gerente da empresa, afirma que o ferry-boat tem transportado cada vez mais veículos e pessoas e que não há registros de reclamações sobre esta demanda.
Mesmo considerando que discutir a ponte nesse momento seria falar do que ainda é imponderável, Wilimar sinaliza que a obra não é vista pela empresa como algo que atrapalhe ou inviabilize o ferry-boat.
– Se houver alguma coisa concreta, se abrir licitação para ponte, aí sim a empresa pode se manifestar sobre o assunto. Mas de qualquer forma, por exemplo, mesmo com a Ponte Rio-Niterói, as balsas continuam operando no Rio de Janeiro – pondera.
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Túnel pode ser uma alternativa
Apresentado como anteprojeto há mais de oito anos, o túnel imerso se mantém como alternativa de travessia entre as cidades. Mas o documento está esquecido nos arquivos da prefeitura de Itajaí, sem a perspectiva de deixar as gavetas tão cedo.
Ele prevê uma estrutura submersa que teria acessos perto do Centreventos, em Itajaí, e nas proximidades da avenida João Sacavém, no Centro de Navegantes. O orçamento inicial, segundo o prefeito Jandir Bellini, ficaria em torno de R$ 350 milhões. Na época, segundo ele, havia se tratado com o governo estadual a destinação de 20% do ICMS das empresas da cidade para serem investidos na obra.
Hoje, em virtude da construção da Portonave, seria preciso atualizar o anteprojeto, além de orçá-lo novamente. Mas um dos pontos positivos do túnel é o fato de quase não impactar no meio ambiente, segundo o prefeito.