Da varanda da casa em que mora há 46 anos Laura Corsani Zimmermann, 68 anos (foto abaixo), vê carros e caminhões cruzarem a Ponte Padre Cláudio Jeremias Cadorin, a Ponte de Ilhota, inaugurada oficialmente há um mês e meio. Mais do que assistir à passagem dos veículos que deu mais movimento e valorização ao pacato bairro Baú Baixo, na margem esquerda do Rio Itajaí-Açu, ela agora consegue ir com o filho João Júnior Zimmermann à farmácia, ao médico, ao mercado e a outros estabelecimentos do Centro de Ilhota. Serviços que antes ficavam a um rio de distância, acessíveis apenas por uma balsa que, sabia dona Laura, “não tinha mais condições”. A primeira passagem sobre o rio do município de 58 anos de emancipação era um sonho de décadas para famílias da cidade.

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– Meus pais já falavam dessa ponte. Depois que as obras começaram nunca duvidei que ficaria pronta, mas achei que eu não iria viver para passar em cima dela. Não tem o que dizer, é tudo de bom – empolga-se a costureira aposentada, com a vitalidade de quem passou e passará muitas vezes na travessia que para os pais foi apenas fantasia.

Mais do que facilidade para moradores de Ilhota, a nova ponte aumentou as opções de deslocamento para quem passa pelas rodovias BR-470 e Jorge Lacerda. É comum ver carros com placas de outras cidades e caminhões de empresas distantes que optam pela ponte para encurtar distâncias ou escapar dos trânsitos urbanos. Não há dados sobre quantos veículos passam pela ponte, mas a superintendência regional do Deinfra avalia que ela ajudou a melhorar o trânsito da região e também aumentou o fluxo na Rodovia Jorge Lacerda entre Ilhota e Itajaí. Para esse impacto, a resposta seria a revitalização da via, que teve edital de licitação lançado no início de setembro.

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O casal Viviane Schmitz Theiss e Ricardo Theiss aproveita o asfalto do acesso e da nova ponte para caminhar, sempre atento aos motoristas que já abusam da velocidade na reta de quase dois quilômetros que antecede a ponte de 480 metros. Mas os ganhos com a travessia sobre o rio vão além de saúde e bem-estar. A ponte também favorece os negócios do casal.

– Temos uma confecção e agora para levar serviço para nossas funcionárias que trabalham em casa na margem esquerda do rio ficou muito mais rápido. Leva 25 minutos, antes chegava a levar uma hora e meia – conta Ricardo.

Da balsa à ponte

Nas sextas-feiras, quando deixa o serviço na madeireira no bairro Pocinho para ir para casa em Blumenau, Ivo Nogueira, 49 anos, precisa caminhar menos e, mais do que isso, não depende da balsa para a travessia.

Nos últimos quatro anos, Éder Alves, 32, trabalhou no rebocador que puxava a balsa de Ilhota. Agora, atua como vigia da balsa e do rebocador que, enquanto esperam por um edital de leilão da prefeitura, seguem parados na beira do rio, desprestigiados pela população ainda ressentida pelo tempo em que os teve como única forma de travessia. O local de trabalho fica a um quilômetro da nova ponte, por onde Éder agora passa todo dia para ir de casa, no bairro Pocinho, até o Centro.

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– Ficou muito boa, melhorou muito a vida de quem mora aqui, tanto do lado do Centro quanto do lado de lá – conta Éder (foto abaixo).