A poluição, a pesca excessiva e as mudanças climáticas estão acabando com a saúde das águas do lago Titicaca, compartilhado por Bolívia e Peru, alerta o biólogo Xabier Lazzaro, estudioso do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) da França.

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Como qualquer lago que está perto de um centro urbano, o principal problema é a poluição. Além disso, há as mudanças climáticas, que “aqui no altiplano são mais fortes”, diz o especialista à AFP durante uma visita ao lago no fim de semana passado.

O governo boliviano dedicará 86 milhões de dólares, em cooperação com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a União Europeia, para ampliar uma usina de tratamento de águas em El Alto e construir mais uma dezena em populações ribeirinhas, disse o ministro boliviano do Meio Ambiente e Água, Carlos Ortuño.

A este investimento, o governo francês somará outros 115 milhões de dólares, que dedicará à construção de infraestrutura de saneamento, em particular na Baía de Cohana, na desembocadura do rio Katari, anunciou o diretor da Agência Francesa para o Desenvolvimento (AFD), Rémy Rioux.

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Com 8.500 km2 de superfície, e situado 3.500 metros acima do nível do mar, o Titicaca é o segundo maior lago da América do Sul, depois do de Maracaibo, na Venezuela.

Por enquanto, a poluição se concentra principalmente em lugares próximos a grandes zonas urbanas, como a cidade boliviana de El Alto, vizinha de La Paz, e as peruanas Juliaca e Puno.

No lado boliviano, o desastre é especialmente crítico na chamada Baía de Cohana, onde é descarregada a maior parte das águas residuais geradas por El Alto, cidade com mais de 800.000 habitantes.

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Técnicos do IRD também encontraram “concentrações bastante anormais” de antibióticos que chegam ao lago a partir de El Alto, através das águas do rio Katari.

Esses resíduos medicinais podem afetar “a reprodução dos peixes, mudar a proporção entre macho e fêmea e afetar inclusive os humanos. Além disso, aqui a radiação solar muito forte provoca mutações nos organismos”, explica.

As mudanças climáticas também alterarão a temperatura da água do lago, alerta. Se a temperatura do planeta sobe em média 2 graus, a do Titicaca sobe 4, por sua altitude, o que antecipa um cenário futuro “terrível”, diz o especialista.

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As consequências afetarão as cadeias alimentares, em particular o plâncton, os micro-organismos e o ciclo de reprodução dos peixes.

O uso de redes para a pesca maciça no Titicaca é também uma ameaça para a sobrevivência da vida no lago, alertam os especialistas.

* AFP