Moises Pahl costuma dizer que nasceu à beira do Itajaí-Açu e, desde então, nunca se separou dele totalmente. Hoje aposentado, faz canoagem ao longo do rio e também pesca sempre que pode. Mas está preocupado.

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Segundo ele, peixes como cará, jundiá e traíra saem do Itajaí-Açu e sobem os ribeirões para fazer as desovas, livre de possíveis predadores. Mas isso não quer dizer que as espécies estejam em segurança: nestes locais, elas têm de lutar contra a poluição, causada pelo despejo de esgoto de casas próximas e de resíduos de empresas.

Ele calcula que o problema tenha começado há cerca de 20 anos e de lá para cá só teria piorado. Morador da Rua Bahia, Moises sempre monitora a situação em um ribeirão perto de sua casa. Por causa das chuvas recentes, a situação está menos grave, mas ainda assim no local há cheiro de solvente, a água é cinzenta e, quando a areia do leito do ribeirão é revolvida, levanta uma mancha preta.

– Os alevinos estão morrendo. Agora eles ficam na superfície à procura de oxigênio, porque no fundo do ribeirão não tem mais.

O impacto disso já aparece no Itajaí-Açu, segundo Moises. Se antes estas espécies existiam em abundância no rio, os pescadores agora enfrentam dificuldades:

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– Tem pouquíssimos. Hoje se pesca mais cascudo, carpa, tilápia. Muitos são peixes que fogem das lagoas.

::: E agora?

O diretor de Recursos Naturais da Fundação do Meio Ambiente (Faema), Rogério Müller, disse que o trabalho de fiscalização é feito a partir de denúncias à ouvidoria da prefeitura, pelo número 156. Müller afirmou que ontem à tarde, após contato feito pela reportagem, dois fiscais da Faema estiveram no ribeirão e não encontraram peixes mortos neste trecho. O diretor também garantiu que será feita uma análise da água para concluir se há mesmo poluição, o que deve levar no mínimo duas semanas.