É compreensível que mulheres como a maranhense Pollyanne Oliveira, 32 anos, se reconheçam facilmente na leitura do livro mais famoso de Honoré de Balzac. “A Mulher de 30 Anos”, descrita pelo escritor francês como mais decidida e conhecedora de si, virou um referencial que, no caso de Pollyanne, a Polly, ajuda a explicar a reviravolta que a vida tomou quando ela deixou a casa dos 20 anos.

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Diferentemente da personagem de Balzac, a nordestina formada em artes cênicas já havia encontrado um grande amor quando completou 30 anos, mas faltava a realização de um grande sonho: ser reconhecida como escritora. O encorajamento que ela mesma atribui à idade a fez chegar a Joinville com o marido e os dois filhos. Intuitivamente, a única certeza de Polly sobre a cidade escolhida era de que, de alguma forma, ela traria as chances necessárias para a realização do seu sonho.

– Propus para meu marido a mudança de cidade sem fazer ideia de onde. Eu sequer tinha ouvido falar de Joinville até uma pesquisa no Google me chamar atenção. Compramos a passagem sem hesitar e do dia para a noite estávamos embarcando.

A mudança foi motivada pela violência urbana crescente da capital maranhense e o pouco incentivo que Pollyanne recebia para dar continuidade à carreira de escritora na sua cidade natal, São Luís. Ela até chegou a fazer contato com diversas editoras, sem nenhuma resposta positiva para a publicação de “A Escolha”, sua primeira obra.

– No Nordeste é muito difícil conquistar algo por meio da arte e, de início, a ideia já era vir para Santa Catarina.

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Coincidência ou não, a recepção ao livro mudou quando a família desembarcou na cidade catarinense. Novas editoras passaram a fazer propostas para que o livro de Polly chegasse aos leitores. Em pouco tempo, ela e o marido também estavam empregados.

– Nove meses depois de chegar em Joinville, eu estava com meu livro pronto em mãos. Hoje já tenho proposta para publicar o segundo, que já está pronto.

A publicação de “A Escolha” inclusive motivou Polly a se dedicar somente à escrita. No blog Imeditamente, a nordestina também divide experiências cotidianas e reflexões, hábito influenciado pela mãe, escritora de diários desde a juventude.

Ela também está prestes a lançar um canal no YouTube voltado a encorajar outras mulheres a partir das experiências que teve em um relacionamento abusivo e, até mesmo, a ajudar mulheres a aceitarem sua própria aparência, decisão que vem colocando Polly não apenas no papel de escritora, mas como agente do empoderamento feminino.

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– Sou nordestina com orgulho, mas, sem dúvida, os meus maiores sonhos foram realizados aqui em Joinville.

* Texto: Rafaela Mazzaro, especial