Os gastos com anúncios políticos no Facebook e Instagram têm se intensificado em Santa Catarina ainda às vésperas do período de propaganda eleitoral, que só terá início oficial em 16 de agosto. O valor somado em quase todo o mês de julho foi de R$ 520 mil, 31,5% a mais do que a média dos dois meses anteriores, que estava em R$ 396 mil.

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No período com valores mais expressivos, Santa Catarina foi o sétimo Estado onde houve maior volume de gastos com as publicações políticas em redes sociais da Meta, caso do Facebook, que dava nome ao grupo de Mark Zuckerberg anteriormente.

Os números são da Biblioteca de Anúncios da Meta, que abre dados sobre os valores aplicados desde agosto de 2020 em publicações patrocinadas sobre temas sociais, eleições ou política em parte das redes da empresa. O WhatsApp não está incluso.

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A biblioteca permite pesquisas por intervalos específicos de tempo, dos 30 dias prévios à busca, por exemplo. O período analisado pelo Diário Catarinense com valores já maiores se comparado aos 60 dias anteriores vai de 27 de junho à última terça (26).

Ainda neste intervalo de um mês, o Estado com maior gasto era São Paulo, com R$ 3,3 milhões. Entre os valores de todo o intervalo de tempo compilado na plataforma, Santa Catarina também aparecia na sexta colocação, com um total de R$ 9,8 milhões dedicados aos impulsionamentos. Já o país todo somava R$ 202 milhões. 

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O que diz a legislação eleitoral

A Meta afirma que a biblioteca de dados abertos se trata de um esforço para ampliar a transparência na publicidade.

Na eleição presidencial anterior, uma das redes sociais do grupo, o WhatsApp, entrou na mira da Justiça Eleitoral após a Folha de S.Paulo revelar que empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) teriam financiado disparos em massa de mensagens pela plataforma. Esse tipo de prática é hoje proibida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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O TSE difere, no entanto, o disparo em massa do impulsionamento de conteúdo, que protagonizam os gastos divulgados pela Meta. As diferenças são descritas em resolução do fim do ano passado.

O primeiro dos casos envolve o envio de um mesmo conteúdo para um grande volume de usuários por meio de aplicativos de mensagem instantânea.

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A prática não envolve o consentimento do destinatário e se vale de tecnologias que não são fornecidas pelo próprio provedor do aplicativo, como robôs. Ela pode ser entendida como abuso de poder econômico e propaganda irregular.

Já o impulsionamento de conteúdo político-eleitoral é permitido até em períodos de pré-campanha, desde que atenda a alguns requisitos, como a ausência de pedido explícito de votos e o respeito a uma moderação de gastos.

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Ele também deve ser identificado como impulsionamento de conteúdo e ser contratado por partidos, coligações ou candidatos, e não por terceiros. O serviço tem de ser oferecido pelo próprio provedor da plataforma, devidamente cadastrado na Justiça Eleitoral, e ter garantias de transparência.

Além dos disparos em massa, o TSE também tem no radar a preocupação com a circulação de notícias falsas na internet.

Em março, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a determinar o bloqueio do Telegram, aplicativo concorrente do WhatsApp, até que fossem assumidos compromissos no combate às fake news.

Quem mais gasta em SC

Tanto em números gerais quanto no intervalo de 30 dias avaliado pela reportagem, quem lidera os gastos com anúncios aos usuários de parte das plataformas da Meta em Santa Catarina é a Brasil Paralelo, empresa que produz conteúdo político com viés de direita.

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Só do fim de junho a 26 de julho, foram cerca de R$ R$ 72,5 mil pagos pela produtora para impulsionar postagens. Na vice-liderança, está o governo federal, sob gestão Jair Bolsonaro (PL), com R$ 31,5 mil.

Na sequência aparecem o Comitê Internacional da Cruz Vermelha e a marca Doritos, que fizeram, respectivamente, campanhas em defesa das vítimas da guerra na Ucrânia e pelo respeito ao nome social de pessoas trans e travestis.

O restante do top 10 dos que mais gastaram no período é composto apenas por políticos. Em quinto lugar, está o senador Jorginho Mello (PL), que deve ter confirma candidatura ao governo de Santa Catarina.

Em seguida surge o ex-deputado Jorge Boeira (PDT), que já foi oficializado na corrida eleitoral ao governo estadual. Há também na lista um outro candidato à Casa d’Agronômica, o atual governador Carlos Moisés (Republicanos), em décimo lugar.

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O ranking também tem o deputado federal Gilson Marques (Novo), seu correligionário Bruno Souza, também parlamentar, mas pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), e o atual vice-prefeito de Balneário Camboriú, Carlos Humberto (PL).

Top 10 gastos com anúncios políticos em SC em maio

  1. Brasil Paralelo – R$ 72.506
  2. Governo do Brasil – R$ 31.536
  3. Comitê Internacional da Cruz Vermelha – R$ 14.862
  4. Doritos – R$ 13.540
  5. Jorginho Mello – R$ 10.125
  6. Jorge Boeira – R$ 9.855
  7. Carlos Humberto – R$ 9.181
  8. Gilson Marques – R$ 8.539
  9. Bruno Souza – R$ 8.181
  10. Carlos Moisés – R$ 7.453

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