Dois ex-governadores de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e Esperidião Amin (PP), falaram sobre a informação de que o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ambos do PMDB, podem vir a ser investigados na Operação Lava Jato.
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Lista de políticos investigados na Lava-Jato causa tensão em Brasília
Tanto LHS quanto Amin entendem que não há um nexo claro entre o fato de Renan recusar uma Medida Provisória vinda do governo federal no mesmo dia em que foi informado de sua presença na ainda confidencial lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
:::Entrevista com Luiz Henrique da Silveira
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DC – O senhor candidatou-se à presidência do Senado e disputou com Renan Calheiros. Qual sua visão agora que o presidente está na mira da lava Jato?
Luiz Henrique da Silveira – Eu deixei muito claro quando fui candidato que o presidente do Senado tinha que ser independente, não podia ser submisso, mas também não podia ser antagônico. Então acho que deva ser superado este fato para que essa grave crise que o Brasil passa seja superada com protagonismo do Legislativo e do Executivo num grau de independência e de harmonia. Quanto às denuncias da operação Lava Jato, eu entendo que os responsabilizados tenham que pagar. Só espero que essa apuração se faça até o fim sem deixar nada para trás para que os responsáveis paguem por crimes praticados efetivamente.
DC – O senhor vê algum nexo entre a devolução da medida provisória por parte de Renan e a possibilidade dele ser alvo da investigação?
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LHS – Acho que são coisas diferentes. A Lava Jato é uma operação da Justiça movida pelo Ministério Público Federal e apurada pela Polícia Federal. Não há conexão entre a investigação e o governo. Se essa foi a motivação, ela é se sentido.
DC – Renan tem condições de seguir na presidência do Senado enquanto durar a investigação?
LHS – Em primeiro lugar não temos conhecimento, somente especulações. Não temos conhecimento nem da denúncia nem do teor dos fatos. O que o cionselho de ética vai balizar é a denuncia e o teor dos fatos.
DC – Mas a devolução da MP de reajuste fiscal foi muito repentina. Não é de se esperar que um parlamentar governista aja desta maneira. O que explica isso?
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LHS – O que eu senti foi estranheza de muita gente do governo, porque o governo fez uma grande força para elegê-lo presidente do Senado.
:::Entrevista com Esperidião Amin
DC – Qual sua interpretação sobre o atual cenário entre Legislativo e Executivo nacionais? Há uma crise entre eles por causa da Operação Lava Jato?
Esperidião Amin – Não vejo como uma crise porque não é o governo que está acusando os parlamentares, e sim o Ministério Público Federal e a Polícia Federal.
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DC – Analistas dizem que a lista dos parlamentares seria uma manobra do próprio governo para mudar o foco do escândalo para o Congresso. O sr. acredita nessa possibilidade?
Amin – Eu desconheço essas declarações. Mas não foi o governo que fez as investigações, pelo contrário, ele está sendo prejudicado. O governo vem sangrando com essas investigações desde antes das eleições.
DC – O senhor acredita que o Renan e Eduardo Cunha estejam mesmo envolvidos?
Amin – Eu não tenho o direito de fazer conjecturas. Falar sobre isso seria libertinagem minha.
DC – Eduardo Cunha é notoriamente um nome dentro do PMDB que faz oposição ao governo. Acredita que ele possa recrudescer essa postura de agora em diante?
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Amin – Se recrudescer mostrará despreparo dele. Acho que isso não vai acontecer. Eu votei nele para que tivéssemos um presidente que não fosse obediente ao governo, mas não pedi para ser contra. Pedi para preservar a autonomia. Ele está buscando autonomia na Câmara e seu maior feito foi ter desatolado o projeto de reforma política. Esse foi o grande mérito dele.
DC – Acredita que o clima de inimizade tende aumentar entre o Planalto e o Congresso?
Amin – Ainda não chegamos num nível Tiririca, que dizia que “pior que tá não fica”. Ainda pode piorar mais.