Uma tampa de caneta esferográfica foi o equipamento que o soldado de 26 anos Alex da Silva, do 21º batalhão de Florianópolis, utilizou para salvar a vida de uma criança de 5 anos que faz uso de traqueostomia. O caso aconteceu na quarta-feira (13) em Santo Antônio de Lisboa, no norte da Ilha.
Continua depois da publicidade
De acordo com a Polícia Militar, a viatura que realizava o policiamento na rua Caminho dos Açores foi parada por uma senhora que gritava por socorro. Ela entregou a Marina, que estava desfalecida, com a pele pálida, olhos virados e lábios roxos nos braços do policial. Alex colocou a criança no chão e verificou os sinais vitais dela. Em seguida, pediu para que o soldado Leandro, colega da viatura, solicitasse apoio do Samu e dos bombeiros.
— Eu não sabia se ela tinha caído um tombo, levado uma mordida de uma cobra ou engolido algum objeto. No momento que eu coloquei a mão perto da garganta para sentir os sinais vitais, eu vi que ela possuía uma traqueostomia na garganta. E tava toda obstruída por catarro ou pus. Nesse momento, eu coloquei minhas luvas descartáveis, e eu tinha uma caneta BIC. Eu tirei a tampa dessa caneta e comecei a limpar esse tubo.
Depois da manobra, a criança seguiu sem os batimentos e Alex começou a massagem cardíaca. Foi quando a criança voltou a respirar. Em seguida, chegou a ambulância do Samu, e o médico Adriano Meira Oliveira assumiu a ocorrência. Ele parabenizou os policias e disse que sem a manobra a criança não teria resistido. A ambulância levou Marina até o hospital infantil Joana de Gusmão.
Continua depois da publicidade
O soldado nunca tinha feito essa operação.
— Eu só tive instrução de atendimento pré-hospitalar no curso de formação de soldados pela PM em 2014. Nem eu nem meu parceiro temos cursos de primeiros socorros, enfermagem nem nada. Foi a primeira vez. Foi deus que agiu. O anjo da guarda dela que estava do nosso lado.
Na quinta-feira (14), os PMs visitaram a mãe da criança, a lojista Julia Nunes, de 34 anos. Foi um encontro onde os dois se emocionaram bastante. Alex revelou que acabara de ser pai de menino e que enquanto socorria a menina, pensava no filho de 3 meses.
— Ele foi um herói, porque se tivesse esperado até o hospital não teria dado tempo — destacou a mãe.
Marina sofre de estenose subglótica, que é um estreitamento das vias aéreas. Por isso precisa da traqueostomia, uma intervenção cirúrgica que abre um orifício na traqueia para colocação de um tudo de passagem de ar.
Continua depois da publicidade
A mãe da menina acredita que em breve ela deve deixar a traqueostomia. A criança não ficará com nenhuma sequela do acidente.