O policial militar João Dias Ferreira disse nesta segunda-feira que não tem provas para incriminar diretamente o ministro do Esporte, Orlando Silva. Ferreira afirmou, no entanto, que todos os interlocutores com quem ele falava nas gravações eram ligados ao ministro. O policial prestou depoimento nesta tarde na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília.

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O policial entregou à PF treze arquivos de áudio, um celular, documentos que apresentam supostas irregularidades e convênios do programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte. A Polícia Federal informou que o laudo da perícia das gravações feitas por Ferreira, autor de denúncias sobre a existência de um esquema de corrupção no Ministério do Esporte, devem ficar prontas no final da próxima semana.

Ex-militante do PCdoB, mesmo partido do ministro, João Dias Ferreira é responsável pela Federação Brasiliense de Kung Fu e pela Associação João Dias de Kung Fu, organizações não governamentais (ONGs) com as quais o ministério firmou dois convênios em 2005 e 2006, para que crianças e jovens em situação de risco fossem atendidos pelo Programa Segundo Tempo, criado pelo governo federal para incentivar crianças carentes a praticar atividades esportivas.

Segundo a denúncia do policial militar, Orlando Silva comandaria um esquema de desvio de parte do dinheiro que o ministério repassava a entidades conveniadas ao programa federal. Ferreira e um de seus funcionários, Célio Soares Pereira, haviam garantido que Silva recebeu pessoalmente, na garagem do ministério, parte do dinheiro obtido com o esquema.

Entenda o caso

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15/10 – Em reportagem da revista Veja, o ex-policial João Dias, militante do PC do B preso no ano passado sob suspeita de desvio de dinheiro público, acusa Orlando Silva de montar esquema de corrupção e receber propina na sede do ministério. Segundo Dias, Orlando Silva chegou a receber, pessoalmente, dentro da garagem do Ministério do Esporte, remessas de dinheiro vivo.

De acordo com a reportagem, as organizações integrantes do programa Segundo Tempo só ganhavam os recursos mediante pagamento de uma taxa previamente negociada, que podia chegar a 20% do valor dos convênios. No mesmo dia, líderes da oposição pedem o afastamento do ministro Orlando Silva.

16/10 – Orlando Silva antecipa sua volta do México, onde acompanhava os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, após ser convocado pela presidente Dilma a dar explicações sobre asacusações de corrupçãona pasta.

18/10 – O ministro participa de audiência pública na Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos. A audiência reuniu as comissões de Turismo e Desporto, Fiscalização e Controle. No mesmo dia, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informa que irá investigar as denúncias que envolvem o Orlando Silva.

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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determina à Polícia Federal (PF) a proteção especial deJoão Dias Ferreira.

19/10 – Por decisão da presidente Dilma Rousseff, Orlando Silva passa a não ser o interlocutor do governo nas negociações daCopa de 2014 e na tramitação da Lei Geral da Copa no Congresso. As decisões relativas à Copa ficam centralizadas no Palácio do Planalto, nas mãos da presidente e da chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann.

Orlando Silva, participa de audiência pública conjunta da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) e a Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senadopara prestar esclarecimentos.

No mesmo dia, o depoimento de uma testemunha, narrando em detalhes como teria entregue R$ 256 mil de propina aAgnelo Queiroz, em agosto de 2007, e um bilhete encontrado na casa do policial militar João Dias Ferreira, dono da ONG Febrak (Federação Brasiliense de Kung Fu), ligam o esquema de desvio de dinheiro do programa Segundo Tempo ao atual governador do Distrito Federal e ex-ministro do Esporte.

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21/10 – O procurador-geral da República ,Roberto Gurgel, solicita a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) para investigar Orlando Silva e o ex-comandante da pasta Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal.

21/10 – Após se explicar a Dilma, Orlando Silva diz que permanece no Ministério do Esporte.