É provável que os 9 mil habitantes de São José do Cerrito, a 40 quilômetros de Lages, na Serra, nunca tenham visto uma operação policial tão grande como a que presenciaram nesta segunda-feira. Tropa de elite, helicópteros e armas pesadas compuseram o cenário. Os moradores, acostumados à calmaria, estão assustados.

Continua depois da publicidade

Era por volta de 11h quando um veículo furou uma barreira policial na entrada leste da cidade e deu início à operação. Os policiais procuravam os criminosos que, na noite de domingo, haviam sequestrado as famílias de três gerentes da agência do Banco do Brasil da Avenida Camões, no Bairro Coral, em Lages.

Tão logo soube da libertação dos reféns, a Polícia Militar recebeu a informação de que os criminosos se dirigiam em três veículos – um Chevrolet Spin, um Toyota Corolla e um Fiat Palio Weekend – pela BR-282, em direção ao Oeste do Estado.

A guarnição de São José do Cerrito foi orientada a montar uma barreira no trevo principal da cidade enquanto a equipe do Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) de Lages chegava para dar apoio. Mas os três carros suspeitos ignoraram o bloqueio e se separaram para despistar os policiais, que decidiram perseguir o Spin.

Continua depois da publicidade

No caminho, disparos partiram do carro dos criminosos e um dos tiros acertou a lateral da viatura. Os policiais revidaram e, cerca de 10 quilômetros depois, na localidade de Santo Antonio dos Pinhos, o Spin saiu da rodovia e entrou em outra estrada. O motorista perdeu o controle do carro e bateu na cerca de uma propriedade rural.

Aparentemente sem ferimentos, ele efetuou mais dois disparos para espantar os moradores da casa e se embrenhou na grande mata de campos nativos e florestas de araucária. Os policiais, já com o reforço do PPT, chegaram logo em seguida e iniciaram a caçada pelo mato.

Medo na porta de casa

– Fiquei apavorada e não sabia o que fazer. Meu marido não estava em casa e minha filha de nove anos estava esperando o ônibus da escola na rodovia. Então os policiais me mandaram sair rápido e ir para um lugar seguro, porque aqui na minha própria casa era perigoso. Peguei meu filhinho de cinco meses e saí desesperada. Que Deus proteja a minha família desses bandidos – disse uma dona de casa de 31 anos que viu tudo e não quis se identificar por medo dos criminosos.

Continua depois da publicidade

No veículo, com placas de Fazenda Rio Grande (PR), foram encontrados coletes à prova de balas e munições de pistola 9 milímetros, de uso restrito das Forças Armadas no Brasil.

A cada momento chegavam reforços das polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal de várias cidades da região. Equipes da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), de Florianópolis, também se juntaram à operação, além dos helicópteros da PM e da Civil.

No fim da tarde de segunda-feira, 20 policiais do Bope entraram na mata para reforçar as buscas a pé e, segundo o comandante do grupo, coronel Marcelo Cardoso, eles estão preparados, com equipamentos especiais para enfrentar as adversidades do terreno e do clima. Só encerrarão as buscas quando o bandido estiver algemado. E por toda a região os policiais abordarão e revistarão veículos e pessoas suspeitas até que os pelo menos 10 criminosos sejam presos.

Continua depois da publicidade

* Colaborou Sâmia Frantz