A Polícia Civil de Santa Catarina vê um provável envolvimento entre o sequestro a três gerentes de uma agência do Banco do Brasil e seus familiares, em Lages, na Serra, e um crime muito semelhante ocorrido no início de julho, em Benedito Novo, no Vale do Itajaí. A ligação entre os casos está na possível autoria por parte da mesma quadrilha. Os investigadores, porém, praticamente descartam a existência no Estado de bandos que praticam este tipo de ação, e destacam que os bandidos vêm de outros lugares do Brasil.

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Na segunda-feira, o delegado Renato Hendges, da Divisão Antissequestro da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), havia dito que não existem criminosos com este perfil em Santa Catarina. No dia seguinte, o delegado Anselmo Cruz, da Divisão de Furtos e Roubos da Deic, reforçou a tese e lembrou que os últimos quatro casos do gênero ocorridos em território catarinense foram praticados por quadrilhas de outros estados.

Em 2012, foram cometidos crimes semelhantes em Florianópolis e Sombrio. Na capital, a ação foi realizada por uma quadrilha de Minas Gerais, e na cidade do Sul, por um bando do Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, todos os bandidos foram identificados e presos. Neste ano, o crime de Benedito Novo continua sem esclarecimento, mas com a prisão de três suspeitos do sequestro em Lages, a polícia acredita estar perto de desvendar o mistério.

– Tudo indica que é o mesmo pessoal. Mas é um grupo de fora, e não daqui de Santa Catarina. Esse tipo de crime é comum no Rio Grande do Sul e no Sudeste e Norte do Brasil, onde as quadrilhas estão agindo bastante – disse o delegado Anselmo Cruz.

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Para a polícia, o principal suspeito de ser o líder do bando que agiu em Lages e, possivelmente, também em Benedito Novo, é Ezoel de Pires, de 42 anos, preso na manhã de terça-feira pela Polícia Militar no interior do município de Correia Pinto. Ezoel, que havia se identificado como Marcelo Alexandre Dantas Pires, é considerado um homem perigoso.

– Sem dúvidas ele é um dos principais assaltantes de banco do Sul do Brasil – comenta o delegado Renato Hendges.

Os policiais chegaram ao verdadeiro nome do suspeito após troca de informações com a Polícia Civil de Curitiba (PR), onde Ezoel morava. Natural de Porto União, no Norte catarinense, ele seria responsável por dezenas de roubos a banco nos três estados do Sul. Na tarde de terça-feira, a Polícia Civil apreendeu sete pistolas de uso restrito e muita munição em uma mochila na localidade de Santo Antonio dos Pinhos, em São José do Cerrito, onde Ezoel teria trocado tiros com policiais militares no dia anterior. Ezoel disse à reportagem do Diário Catarinense que foi contratado para transportar as armas até Lages e, pelo serviço, receberia R$ 300 mil. Porém, a polícia contesta a versão dele.

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– Não há dúvidas de que ele é o mentor de tudo e o dono das armas. As características físicas dele conferem com a do criminoso que procurávamos e, além disso, ele foi reconhecido pelas vítimas – conclui a delegada regional da Polícia Civil em Lages, Luciana Rodermel.