A Polícia Civil de Lages, na Serra Catarinense, realizou na tarde desta terça-feira a reprodução simulada do atropelamento que resultou na morte do empresário Luiz Fernando Letti, o Nando, 60 anos, em um posto de combustíveis na madrugada do último dia 6 de março. Ação chamou a atenção pela suspeita de que poderia ter sido proposital após uma discussão entre o suspeito e a vítima.
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Realizada a pedido do Ministério Público e do advogado Régis Ricardo Schweitzer, que trabalha na defesa do acusado, Julio Octavio Burigo, 23, a reprodução simulada durou mais de uma hora e atraiu a atenção de muitos curiosos. O posto de combustíveis, localizado no cruzamento das avenidas Belizário Ramos e Duque de Caxias, no bairro Sagrado Coração de Jesus, foi totalmente isolado, com acesso proibido a clientes. Policiais civis e militares garantiram a segurança do local.
Reprodução simulada atraiu curiosos. Foto: Pablo Gomes, Agência RBS
Escoltado por agentes do Departamento de Administração Prisional (Deap) e protegido por um colete à prova de balas, o acusado participou em alguns momentos e acompanhou o restante de dentro de uma viatura. O Schweitzer garante que sustentará até o fim a tese do homicídio culposo, quando não há a intenção de matar.
O objetivo da reprodução, explica o delegado Bada Castro, foi confrontar as imagens das câmeras do posto com as versões do réu e das testemunhas. Familiares de Burigo estiveram presentes, mas não quiseram conversar com a reportagem.
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Empresário morreu em uma briga banal
Sócio-proprietário de um moinho de trigo da família, Nando Letti tinha 60 anos, era solteiro e sem filhos. Boêmio, vivia em festas, adentrava madrugadas, gostava de usar roupas de couro, anéis, pulseiras e colares extravagantes e pilotava imponentes motos.
Nando morreu na madrugada de 6 de março, uma quinta-feira, no posto de combustíveis que sempre frequentava. Foi lá que se envolveu em uma briga aparentemente banal, mas que resultaria na morte dele.
As imagens do circuito interno de TV do posto mostram que, às 4h34min, Letti foi agredido de surpresa por Julio Burigo dentro da loja de conveniência. Por 48 minutos os dois continuaram discutindo, com Burigo saindo e voltando do posto, até que, às 5h22min, Burigo atropelou Nando com um Peugeot, com o qual fugiu sem prestar socorro.
O empresário chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, mas não resistiu a um traumatismo craniano e morreu às 22h30min. A morte de Letti gerou revolta entre os amigos, que passaram a compartilhar fotos do principal suspeito pelas redes sociais com pedidos de justiça e, em alguns casos, ameaças de vingança.
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Acusado ficou sob forte escolta. Foto: Pablo Gomes, Agência RBS
Burigo foi preso no fim da tarde seguinte ao se apresentar na delegacia devido a um mandado de prisão preventiva expedido contra ele. Ao delegado Bada Castro, o suspeito disse que, ao entrar na conveniência, teria sido ofendido por Letti, o que resultou na briga. Depois, ao ser ameaçado por amigos do empresário, deixou a loja com medo, mas ao sair com o carro, já no pátio do posto, atingiu sem querer o empresário, que teria se atirado contra o veículo.
Burigo foi indiciado pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público por homicídio doloso, quando há a intenção de matar. Ele está à disposição da Justiça no Presídio Masculino de Lages e, na próxima sexta-feira, participará de uma audiência visando ao seu julgamento.