O protesto que fechou a pista no sentido Norte da BR-101 em Balneário Camboriú, na manhã de terça-feira, garantiu aos manifestantes mais tempo para que a prefeitura discuta com a Autopista Litoral Sul a melhor maneira de alterar o acesso, na altura do km 135.

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A manifestação conseguiu protelar a obra, que seria feita terça-feira mesmo – mas, se depender da Polícia Rodoviária Federal (PRF), não será por muito tempo. Para a corporação o acesso é perigoso, causa acidentes e congestionamentos, e por isso deve ser interditado.

– Ainda não temos outra data definida, mas o acesso terá que ser fechado a não ser que haja outra solução – diz o inspetor da PRF na região, João Atadeu de Melo.

Somente na sexta-feira, sete veículos se envolveram em colisões causadas pelo excesso de trânsito no local, segundo Melo. Ele diz que a decisão foi baseada em dados estatísticos da PRF e a interdição já estava planejada desde setembro do ano passado. O problema é que a entrada do km 135 é a única que dá acesso à Barra Sul.

Com o fechamento, para quem vem do Sul só será possível entrar em Balneário Camboriú pela Avenida do Estado, que fica na região central – o que é considerado um transtorno por moradores e turistas.

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A ameaça de fechamento revoltou os comerciantes da Marginal Leste, que temem sofrer prejuízos com a queda de movimento decorrente ao fechamento. Foram eles os primeiros a interromper o fluxo da rodovia, usando pneus sobre o asfalto. Em minutos, mais de 100 pessoas ajudavam a conter o trânsito em protesto.

– Tenho uma fábrica de calhas na marginal e, sem o acesso, não vou ter como manter. Quem vai sustentar minha família? – questionava João Linhares, 62 anos.

Congestionamento

A manifestação durou quase duas horas e provocou 15 quilômetros de filas, que se estenderam até Itapema. Entre os carros retidos no congestionamento havia ambulâncias e viaturas do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), que estavam em atendimento de ocorrências. Os veículos de emergência acabaram sendo liberados pelos manifestantes, mas só depois de muita conversa.

Apesar do transtorno, a maioria dos motoristas que ficaram parados no congestionamento eram favoráveis aos manifestantes. Nilson Machado de Oliveira, 54 anos, que estava em recuperação após uma cirurgia na boca, aguardou pacientemente a reabertura da via.

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– Não é justo fecharem o acesso, vai ser preciso rodar muito até a próxima entrada – disse.

O bancário Paulo de Tarso mora em Florianópolis e trabalha em Balneário Camboriú. Todos os dias ele faz o trajeto entre as cidades, pela BR-101. Paulo saiu da Capital por volta das 8h de segunda-feira, e uma hora depois ficou preso no congestionamento na rodovia.

A poucos metros da entrada da cidade, onde o acesso foi bloqueado pela concessionária, ele aguardava a liberação do trânsito e questionava o poder de polícia para controlar a situação. Ele contou que uma viatura da PRF passou pelos carros parados e informou que não existia previsão para o fim do congestionamento:

– Disseram apenas que a situação está complicada – contou Paulo, pouco antes da pista ser liberada.

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Além de carros e caminhões, o acesso também serve de entrada para os 35 ônibus diários da Viação Praiana que saem de Porto Belo, da praia de Canto Grande (em Bombinhas) e de Governador Celso Ramos – e que param nos pontos espalhados pela Marginal Leste. Sem o acesso, os passageiros só poderão embarcar na Avenida do Estado.

– Se prejudica o passageiro, prejudica a nós também – disse o gerente de tráfego da Praiana, Rafael Fernando de Souza.

Acordo de 2012 previa abertura de nova saída

Secretário de Planejamento de Balneário, Auri Pavoni esteve no local e discutiu com os policiais. Segundo ele, um acordo firmado em 2012, entre a prefeitura, a ANTT e a Autopista Litoral Sul, garantia que só haveria alterações no acesso após a abertura de uma nova saída para a BR-101, mais próxima do túnel da Rua 3.100. Em contrapartida, o município tornaria a Rua 3.300 sentido único, da rodovia para a praia:

– Concordamos que há problemas nesse acesso em relação à segurança, mas fomos surpreendidos com essa tentativa de fechamento. A cidade não pode ficar com um acesso.

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O secretário afirma que houve intransigência e lamenta não ter sido avisado com antecedência sobre a alteração:

– Quem fez isso ou não conhece de trânsito, ou não conhece Balneário Camboriú.

Em nota, a Autopista informou que a obra é de responsabilidade da prefeitura. O projeto foi analisado e está em avaliação na ANTT. O inspetor da PRF João Atadeu de Melo disse que desconhecia o acordo.