Policiais militares desocuparam à força a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, cujo plenário estava ocupado por professores em greve desde a semana passada. Eles protestam contra o plano de cargos e salários proposto pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB), que o Sindicato Estadual de Profissionais de Ensino (Sepe) considera que não atende às reivindicações da categoria.

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De acordo com informações do jornal O Globo, cerca de 30 professores continuavam acampados na lateral do Palácio Pedro Ernesto na manhã deste domingo.

Depois de mais de duas horas de negociação, os PMs entraram no Palácio Pedro Ernesto no fim da noite de sábado, sede do Legislativo municipal, e, usando bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta, desalojaram cerca de 150 ativistas.

Segundo o coordenador-geral do Sepe, Alex Trentino, duas pessoas foram presas e várias ficaram feridas. Do lado de fora, na Cinelândia, onde os policiais também investiram contra a multidão, cerca de 300 pessoas permaneciam protestando, por volta de meia noite, em clima tenso.

– Eles não apresentaram ordem judicial. Mostraram um ofício do presidente da Câmara, Jorge Felippe, pedindo ao governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) a desocupação – afirmou Trentino.

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A movimentação final para a ação dos policiais começou por volta das 20h, contou Trentino, quando começaram a chegar policiais do Batalhão de Polícia de Choque da Polícia Militar. Oficiais entraram na Casa e tentaram convencer os manifestantes a sair, mas eles se recusaram.

Inicialmente, segundo o sindicalista, as ações da polícia eram conduzidas, em nome da PM, por um major identificado como Segala, mas, no meio das negociações, outro oficial, cujo nome não foi divulgado, assumiu o comando.

As ações foram simultâneas: os professores que ocupavam o plenário foram atacados por um grupo de policiais, enquanto outro dispersava, com violência, os manifestantes que estavam do lado de fora.

Ofício

Mais cedo, a Mesa Diretora da Câmara dos Vereadores havia enviado um ofício à Polícia Militar pedindo a desocupação do plenário do Palácio Pedro Ernesto. Nota da assessoria de imprensa da Casa divulgada na tarde de sábado informou que a Justiça já havia expedido mandato de reintegração de posse em agosto, quando estudantes ocuparam o plenário da Casa.

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“Desta forma, a Câmara não necessita recorrer novamente à Justiça, pois possui autoexecutoriedade e poder de polícia para assegurar, como determina a Constituição Federal, seu livre funcionamento”, diz o texto.

Sexta-feira

No fim da noite de sexta-feira, professores foram surpreendidos por grande aparato da Polícia Militar, que foi ao Palácio Pedro Ernesto para tentar retirá-los de lá. Os ocupantes, mais de 200 segundo representantes do Sepe, não aceitaram deixar o prédio.

Eles alegaram que a liminar apresentada é de 20 de agosto e se refere a uma ocupação anterior, já encerrada – a de manifestantes que protestavam contra a composição CPI dos ônibus na Câmara.