Em depoimento concedido à Polícia na semana passada, o comandante dos Bombeiros de Santa Maria, tenente-coronel Moisés Fuchs, foi questionado sobre fiscalização, elaboração de planos de prevenção contra incêndio e atuação dos bombeiros na boate Kiss, no dia 27 de janeiro. E foi justamente sobre esta última questão que a Polícia apura algumas contradições.
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Fuchs diz que todos os bombeiros tinham equipamentos funcionando e disponíveis no local da tragédia e que a corporação tem 19 máscaras de oxigênio sem defeitos. A Polícia diz que neste caso seriam importantes para retirar mais vítimas da casa noturna em meio à fumaça tóxica. No entanto, depoimentos de testemunhas e envolvidos revelam que não havia efetivo suficiente, além de equipamentos com problemas e alguns bombeiros despreparados.
Além disso, fotos e vídeos anexados ao inquérito mostram apenas oito respiradores artificiais usados no momento do incêndio. Em depoimento à Polícia, um bombeiro disse que o material não chegava a 20 minutos de uso. Segundo o militar, a situação era tensa, eles ficavam ofegantes e aumentava o consumo de oxigênio, diminuindo o tempo de respiração com as “máscaras”, que em média é um pouco superior a 30 minutos.
A Polícia também investiga contradições em relação aos compressores, para recarregar os respiradores artificiais. Apesar de Fuchs dizer que há um ou dois no quartel em condições de uso, mas destacando em seu interrogatório que não sabia se foram utilizados, os delegados responsáveis pelo inquérito não entendem por que os militares teriam ido buscar um compressor do Exército. No entanto, a Polícia apura a informação de que quando este equipamento teria chegado, já seria tarde demais. Para os investigadores, até agora não foi bem explicado se os compressores dos Bombeiros estavam estragados, não foram localizados ou não foram usados. Mesmo assim, em qualquer um destes casos a responsabilidade pode recair para a corporação.
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Depoimento: Detalhes sobre atuação dos Bombeiros
O comandante dos Bombeiros de Santa Maria disse que chegou na casa noturna por volta de 5h e não havia mais nada a fazer em relação às vítimas, tendo participado então de uma reunião para tirar o comando do local.
Efetivo
Fuchs disse não saber afirmar o número de bombeiros que participaram do atendimento pelo fato de muitos estarem na frente da boate auxiliando as pessoas. No entanto, acredita que dez militares e dez alunos estavam de serviço naquela noite. Sobre os alunos bombeiros, disse que prestaram concurso e já estavam aptos a prestar apoio no serviço de combate a incêndio. Por fim, disse que todos prestaram seviço digno, lembrando que o isolamento do local caberia ao policiamento militar. O comandante também não sabe se militares pediram ajuda a civis.

Depoimento do comandante dos Bombeiros de Santa Maria / Foto: Reprodução
Equipamentos
Fuchs disse que todos possuíam equipamentos de combate a incêndio. São capa, calça anti-chama, bota de proteção, capacete, luvas e respirador artificial. No entanto, não sabia se todos eles portavam ou usavam estes materiais, mas reiteira que havia para todos. Fuchs destaca em seu depoimento que no quartel existem 19 respiradores artificiais, sendo que quatro tem capacidade para 77 minutos, além de um ou dois carregadores das ampolas. Mas não sabe se foram utilizados, apenas que estão funcionando. Fuchs também não sabe sobre empréstimo de equipamentos dos bombeiros para civis na hora do incêndio. Com exceção, de machadinhas para quebrar as paredes.

Depoimento do comandante dos Bombeiros de Santa Maria / Foto: Reprodução
Incêndio
No interrogatório, disse que acredita ter sido o fator econômico, englobando a questão dos proprietários e a questão legislativa os fatores que contribuíram para o incêndio.
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