A Polícia Civil prendeu um líder indígena suspeito de abusar de uma criança e uma adolescente na região Norte de Santa Catarina*. A investigação começou depois que profissionais da área da saúde, que atendem a aldeia, relataram sobre a situação para o Conselho Tutelar. A instituição reportou a situação à polícia, em abril do ano passado, que instaurou o inquérito policial para apurar o estupro de vulnerável.
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– Feito o levantamento inicial, realizamos as oitivas de pessoas da aldeia e profissionais que prestavam serviço no local. Constatamos a prática dos crimes – ressalta Paulo Freyesleben delegado responsável pelas investigações.
As duas vítimas foram encaminhadas para atendimento psicológico dentro da Polícia Civil. Durante os primeiros atendimentos, as duas negaram a ocorrência dos casos. Entretanto, segundo o delegado, o psicólogo policial percebeu, usando técnicas inerentes à profissão, que as meninas estavam sendo coagidas para negar ocorrência dos crimes dentro da aldeia. O homem utilizaria da influência dentro da comunidade para efetuar os crimes e ainda forças as vítimas a mentirem.
Com a investigação, o delegado solicitou ao Judiciário a prisão preventiva do suspeito. O mandado foi cumprido nesta quarta-feira (14) na aldeia. A Fundação Nacional do Índio (Funai) também esteve presente durante a prisão. Ainda de acordo com o delegado, a suspeita é de que uma das meninas sofra com os abusos por quase cinco anos. As informações foram coletadas com as pessoas que trabalhavam na aldeia.
– Como é um crime sem testemunhas, então precisamos da palavra da vítima. Por isso, deixamos claro sobre a importância de denunciar – reforça Freyesleben.
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A polícia busca agora identificar outras crianças e adolescentes que possam ter sido vítimas dos crimes. Depois da prisão, o líder foi encaminhado à Unidade Prisional Avançada (UPA) de São Francisco do Sul. O inquérito policial será remetido ao Poder Judiciário para dar continuidade ao processo.
* O nome dos envolvidos e a cidade onde aconteceram os abusos não foram divulgados para preservar a identidade das vítimas, conforme o que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).