Pernambuco não vai mais permitir depredações e vandalismos nas ruas e nem pessoas mascaradas nos protestos. O recado foi dado na quinta-feira, em entrevista coletiva, no Recife, pelo secretário estadual de Defesa Social, Wilson Damázio, um dia depois de confrontos entre a Polícia Militar e manifestantes da Frente de Luta pelo Transporte Público (FLTP), no Centro da cidade.

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Um ônibus incendiado, coletivos, prédios públicos e privados depredados, pânico e correria nas ruas, fechamento do comércio e aulas suspensas por universidades localizadas na área foram o resultado de uma manifestação pelo passe livre que teve início tranquilo na tarde de quarta-feira.

– Doravante o Batalhão de Choque acompanhará todos os protestos e irá fazer revistas em pessoas mascaradas ou que portem mochilas – afirmou o secretário, ao lembrar que até agora a polícia se mantinha à distância, apenas observando as manifestações, orientada a proteger seus participantes.

– A ação da polícia tem de ser proporcional aos atos praticados – afirmou.

– O movimento mudou de rumo, extrapolou limites e não podemos ficar passivos.

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Damázio lembrou que o artigo 5 da Constituição garante as manifestações de rua, mas não permite que as pessoas escondam sua identidade. Por isso, não serão mais permitidos mascarados. Ele atribuiu a violência aos Black Bloc, grupo de inspiração anarquista que teria se infiltrado no movimento.

– Há possível influência de gente de São Paulo.

Um ato do povo

Integrante da Frente de Luta pelo Transporte Público, Renato Barros contestou o secretário de Defesa Social.

– A violência foi uma resposta direta à opressão do Estado – retrucou, sem aceitar que o vandalismo seja atribuído aos Black Bloc.

– A manifestação foi um ato do povo, aberto a quem quisesse participar.

Segundo Barros, a violência teve início depois que “a polícia do governador Eduardo Campos (PSB) chegou dando um cavalo de pau e atirando com balas de borracha” quando os manifestantes estavam próximos ao Cinema São Luiz – prédio de 70 anos, patrimônio da cidade, que teve vidros quebrados por pedras.

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– Dois garis foram atingidos, um companheiro foi atingido na testa, uma moça levou um soco no rosto de um policial – denunciou Barros, ao frisar não ser líder da FLTP, que não tem lideranças.