A Polícia Militar iniciou oficialmente na tarde desta sexta-feira (2) a Operação Mãos Dadas com objetivo de combater o tráfico de drogas e aproximar-se dos moradores do Morro Dona Edith, no bairro Velha Grande, em Blumenau. Um ônibus foi equipado para ser a base da corporação e abrigar os policiais que permanecerão 24 horas por dia dentro da comunidade. O local escolhido foi em frente a uma casa de madeira na Rua dos Trabalhadores, onde os policiais fizeram diversas prisões e apreensões de drogas nos últimos anos.

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O coronel Moacir Gomes Ribeiro, comandante da 7ª região da Polícia Militar e que abrange o Vale do Itajaí, afirma que a ação é uma forma de coibir a tendência de crescimento de homicídios, tráfico de drogas, receptação de produtos furtados e roubos no Morro Dona Edith. Com a permanência de policiais ininterruptamente no local ações de prevenção, ele afirma que a corporação está aumentando o policiamento para evitar perder o controle do local.

— Chegamos hoje e iremos sair apenas quando vermos que a criminalidade está controlada e a comunidade fortalecida. Queremos melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, fazendo com que elas tenham mais confiança nas instituições e saiam fortalecidas. Dessa forma, enfraquecemos também os possíveis traficantes que fazem com que a comunidade se sinta insegura de morar aqui — afirma Gomes.

Nesta primeira fase da operação, o objetivo da Polícia Militar é ocupar a comunidade e conhecer a localidade para entender as ações que são necessárias para diminuir a criminalidade. Para reformar a equipe do 10º batalhão, tropas especializadas como a Rocam, o Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT), o Choque, o Bope e o Águia, que faz operações aéreas, também podem apoiar as ações no local.

Conforme o tenente-coronel Jefferson Schmidt, responsável pelo 10º batalhão da PM, na segunda fase a corporação pretende levar ações para prevenir o aumento da criminalidade no local. Entre os projetos sociais que devem ser criados pela PM na comunidade estão o canil, o Proerd, a Rede Catarina e a Rede de Vizinhos.

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— Claro que é possível que, pela dinâmica do tráfico de drogas, os criminosos saiam daqui e queiram ocupar outros lugares, então estaremos prontos para reprimir o crime também nesses locais. O ideal seria que pudéssemos prendê-los eles em flagrante, mas sabemos que esse índice deve diminuir a partir do momento que ocupamos o Morro Dona Edith — pondera Schmidt.

Outras ações sociais serão criadas no município com apoio da prefeitura de Blumenau, que esteve representada na solenidade com o prefeito Mário Hildebrandt e diversos secretários. Entre as ações em andamento estão melhorias na iluminação pública, com a troca de todas as lâmpadas queimadas ou quebradas nas ruas da comunidade, e ações na Escola Municipal Conselheiro Mafra.

— Nós estamos ampliando a presença da assistência social, saúde, educação e esporte, além de trazer ações da área de geologia e da Defesa Civil. Iremos criar mais ações do poder público neste local para ajudar a população a superar a vulnerabilidade social enquanto a Polícia Militar faz essa mobilização — destaca Hildebrandt.

Operação começou há um ano em Florianópolis

Em 16 de agosto de 2018, a Polícia Militar surpreendeu os moradores ao fixar uma base nas comunidades da Vila União (Norte da Ilha) e no Morro do Mocotó (área central). Ambos eram locais considerados de alta periculosidade pela corporação por conta dos frequentes tiroteios e homicídios na luta disputa entre facções criminosas pelo comando do tráfico de drogas.

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Com a presença de policiais nas comunidades durante 24 horas, a violência diminuiu gradativamente. Ao mesmo tempo, a Polícia Militar criou iniciativas para oferecer aos moradores mais estrutura em locais que recebiam pouca atenção do poder público.

Na Vila União, uma pequena comunidade formada por pessoas que foram realojadas pela prefeitura após ocupações irregulares, as ruas sequer tem nome. Como as entregas dos Correios eram deixadas na rua principal, os moradores dependiam dos criminosos para receber as próprias encomendas. Também era bloqueada a entrada de empresas que prestam serviços básicos como energia elétrica, distribuição de água e coleta de lixo.

Os moradores da comunidade criaram uma associação de moradores e conseguiram a revitalização dos espaços públicos e a reforma de espaços de lazer, como a quadra de esportes. A prefeitura e a Associação de Basquetebol também destinaram R$ 600 mil para reformas e contratação de profissionais de educação e saúde. Além disso, a PM fez diversas ações culturais e esportivas com os moradores da Vila União.

Os resultados no Morro do Mocotó ainda são mais menos visíveis. Houve redução nos indicadores de violência, mas a PM alega que encontrou mais dificuldade na comunidade pelo intenso tráfico de drogas. Tanto que em fevereiro deste ano foi necessário deslocar 300 policiais para uma operação que prendeu 27 suspeitos de envolvimento com organizações criminosas no local.

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