A Polícia Militar de Itajaí prendeu 1.671 pessoas no primeiro semestre deste ano – o número significa que quase 1% da população do município foi presa em flagrante pela PM. Deste total, 968 foram por crimes graves (com pena superior a dois anos) e 703 por delitos de menor potencial. O dado representa ainda um aumento de 13,3% em relação ao mesmo período de 2014 e de quase 42% na comparação com 2013, para prisões por ocorrências graves.

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Apesar do número alto, o comandante da 1ª companhia da PM de Itajaí, tenente Rodrigo de Carvalho Paulo, explica que nem todos os detidos ficam presos. Dos 1.671 flagrantes, a estimativa é de que cerca de 900 tenham ido para o presídio. De acordo com o tenente, no caso de crimes leves o preso geralmente assina um termo circunstanciado, paga fiança ou se compromete a comparecer em juízo.

– Em alguns crimes graves também pode ser arbitrada a fiança pelo juiz. Acreditamos que cerca de 90% dessas 968 pessoas tenham ficado presas – comenta.

Entre os crimes graves mais frequentes estão tráfico, violência doméstica e furto. Já entre os delitos leves mais recorrentes estão posse de drogas, ameaça e lesão corporal leve. O tenente Rodrigo afirma que os números são altos, mas não preocupam a polícia.

– Estão sendo feitas muitas prisões e isso mostra que a PM está fazendo bem o seu trabalho. O desafio é diminuir a sensação de insegurança da comunidade, que fica cada dia pior – avalia.

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O comandante relata ainda que pelas estatísticas observa-se uma estabilização no número de crimes, apesar do efetivo reduzido de policiais. Segundo Rodrigo, através de um software de gestão – que aponta onde estão ocorrendo os crimes e os horários – a PM consegue planejar melhor o trabalho e direcionar os esforços.

Balneário recebe mais de mil ligações por dia no 190

Mesmo sem ter uma estatística fechada, a Polícia Militar de Balneário Camboriú garante que o número de prisões também tem sido alto na cidade. O comandante do 12º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Evaldo Hoffmann, afirma que por dia a PM recebe mais de mil ligações através do 190. Deste total entre 15% e 20% precisam da intervenção policial.

– O aumento das prisões quer dizer que a PM tem feito um bom trabalho, porém temos uma inversão: deveríamos ser mais preventivos do que repressivos. O problema é que falta material humano para trabalhar na prevenção, o tempo todo nós estamos atendendo a demanda gerada – completa.

De acordo com Hoffmann, para driblar a situação a polícia apostou na mudança de escalas para deixar mais viaturas em horários de pico de ocorrências, além de enxugar a parte administrativa.

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– A polícia tem que se moldar para conseguir diminuir os indicadores, você não pode relaxar nunca.

Confira mais detalhes sobre os números no infográfico:

Apreensão de drogas e armas também aumentou em Itajaí

O tráfico de drogas foi um dos crimes mais combatidos pela Polícia Militar de Itajaí no primeiro semestre do ano. No balanço divulgado, foram aprendidos 102,965 quilos de maconha no período – três vezes mais que em 2014 -, 18,855 quilos de cocaína, quase o dobro que o ano passado, e 9,935 quilos de crack. Também foram retirados das ruas 3.025 comprimidos de ecstasy e 141 fracos de lança-perfume.

Outro dado que teve crescimento foi nas apreensões de armas. No primeiro semestre foram recolhidas 40 armas na cidade, quatro a mais do que em 2014 e 15 a mais que em 2013.

Mais prisões não diminuem sensação de insegurança

O professor de criminologia, Alceu de Oliveira Pinto Junior, diz que o aumento no número de prisões ocorre por dois fatores: quando não se consegue prevenir os crimes e através do trabalho de repressão da Polícia Militar. De acordo com o especialista, esse crescimento deveria ampliar a sensação de segurança da população, mas na prática não é isso que ocorre:

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– Quanto mais a comunidade houve falar sobre prisões e crimes, principalmente em áreas onde eles não são comuns, maior a sensação de insegurança, mesmo que a PM esteja prendendo mais.

Ainda, conforme Pinto, o percentual de pessoas presas em Itajaí é quase o dobro da média nacional se levarmos em conta a quantidade de pessoas que estão detidas, cumprindo medidas ou com mandados de prisão abertos.

– Há um trabalho grande da PM, mas falta aprofundamento técnico para conter o crime e prender de forma eficiente, evitando que essa pessoa volte para liberdade. É preciso também um trabalho conjunto do município e Estado para aplicação de políticas públicas – conclui.