A Polícia britânica dá continuidade, nesta quinta-feira (8), à investigação sobre como chegou ao país o agente químico que deixou o ex-agente secreto russo Serguei Skripal e sua filha Yulia entre a vida e a morte.

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O primeiro policial que atendeu pai e filha quando já estavam inconscientes, no domingo, em um banco na cidade de Salisbury, no sudoeste do país, encontra-se em estado grave.

Todas as atenções se dirigiram para a Rússia, depois do episódio similar com Alexander Litvinenko – um ex-agente russo assassinado em Londres em 2006 com uma substância radioativa -, mas Moscou negou estar por trás do ataque e denunciou ser vítima de uma campanha de desprestígio.

“Quando tivermos todas as provas do que aconteceu, vamos responsabilizar alguém, se for apropriado”, disse a ministra do Interior, Amber Rudd, à BBC.

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“Temos de ser metódicos, manter a cabeça fria e nos basearmos em fatos, não em rumores”, acrescentou.

Sobre o estado dos feridos, Rudd disse que “os dois alvos (do atentado) continuam em estado muito grave. O policial fala e responde. Estou mais otimista quanto a ele, mas ainda é cedo”.

– ‘Presente de amigos’ –

Skripal, um ex-coronel que chegou ao Reino Unido em 2010 em uma troca de espiões após ser condenado por alta traição por passar informação a Londres, pode ter recebido a substância em um pacote – “presente de uns amigos” – que sua filha Yulia trouxe da Rússia quando o visitava, especulou o jornal The Times, citando uma fonte anônima.

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Outras hipóteses são que o veneno foi aplicado com um spray, ou misturado na comida, ou na bebida. Antes de serem encontrados gravemente feridos, Skripal e sua filha haviam passado por um “pub” e por um restaurante italiano próximos, ambos isolados pela polícia no domingo.

Uma testemunha, que viu pai e filha no restaurante, disse à BBC que Skripal estava “muito agitado” e “parecia perder a paciência”.

“Começou a falar aos gritos, queria a conta e ir embora”, explicou.

Os apelos do governo feitos à população para que mantenha a calma não frearam os que pediam o rompimento das relações com a Rússia.

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“Não vejo como podemos manter relações diplomáticas com um país que tenta assassinar pessoas em solo britânico e põe em perigo as vidas de cidadãos britânicos”, tuitou o deputado conservador Nick Boles.

Em entrevista à emissora ITV, o ministro da Defesa, Gavin Williamson, classificou o episódio de “repugnante”, mas pediu “margem para que a polícia investigue de maneira adequada e profunda”.

– ‘Não vai sair dessa’ –

O comandante da Polícia contraterrorista britânica, Mark Rowley, negou-se a identificar o tipo de gás usado no atentado.

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O gás sarin é o mais conhecido dos agentes químicos. Trata-se de uma potente substância neurotóxica, inodora e invisível, que, embora não seja inalada, seu simples contato com a pele bloqueia a transmissão do influxo nervoso e conduz à morte por parada cardiorrespiratória.

As vítimas se queixam, primeiramente, de violentas dores de cabeça e apresentam pupilas dilatadas. Depois, sofrem convulsões, paradas respiratórias e entram em coma, antes de falecer.

Segundo fontes dos serviços de segurança citadas pelo jornal “The Sun”, apenas alguns poucos laboratórios no mundo são capazes de produzir essas substâncias várias vezes usadas na guerra da Síria. Entre elas está o Yasenovo, perto de Moscou, que pertence aos serviços secretos.

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A substância pode acabar com o velho coronel. Citando um importante funcionário do governo britânico que não foi identificado, o jornal “The Times” disse que a condição de Skripal é especialmente grave.

“Existe a impressão de que não vai sair dessa”, disse essa fonte para o jornal.

“Acho que pode ser mais positivo (para Yulia)”, completou.

Yulia era o único membro familiar que restava ao espião. Sua mulher morreu de câncer em 2012, e seu filho Alexander, de insuficiência hepática, em 2017, aos 43 anos, em São Petersburgo.

al.zm/tt

* AFP