A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quinta-feira (4), quatro colecionadores, atiradores e caçadores (CACs) em Santa Catarina durante uma ação deflagrada em todo país. A Operação Day After (dia seguinte, em tradução livre) aconteceu logo após o fim do prazo para recadastramento de armas junto ao governo federal. Ao todo, 50 pessoas foram presas no Brasil, segundo a PF.
Continua depois da publicidade
Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
As prisões aconteceram contra CACs que possuíam mandados de prisão em aberto por crimes diversos e pessoas que possuem ou portam armas de fogo mas não estão cadastradas ou possuem restrições legais que impedem o porte ou posse de armas.
Além de ações em Santa Catarina, outros 16 estados também registraram prisões. As cidades dos presos não foram divulgadas. Entre os objetos apreendidos estão 30 armas e 491 cartuchos de munição. De acordo com a PF, os presos foram conduzidos às unidades da corporação em todo o país e, em seguida, devem ser encaminhados ao sistema prisional de cada estado.
CAC tem registro de fuzil de R$ 16 mil negado pela Justiça em SC
Continua depois da publicidade
Conforme o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, a legislação determina que, para poder adquirir e manter uma arma de fogo, é preciso comprovar idoneidade e não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal. Ele avalia que pessoas com mandados de prisão em aberto serem detentoras de armas é um dos sinais da desorganização do governo anterior em relação à política armamentista.
— Temos pelo menos seis mil armas nessa situação e estamos falando de armas de uso restrito, estamos falando de fuzil, por exemplo. Nós temos essa situação de pessoas que tinham uma condenação ou uma prisão preventiva e que tinham armas supostamente legais, exatamente por que reinava um descontrole nessa temática de armas no Brasil — disse.
O ministro ainda disse à Agência Brasil que, até dia 15 de maio, um novo decreto sobre controle de armas será apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dino alegou que a medida não visa separar o “joio do trigo”, e não fechar o setor de armamento no país.
SC tem quase 20 mil armas recadastradas em programa lançado pelo governo Lula
— Vamos instituir novas regras para clube de tiro, para comercialização, restringir a quantidade e vamos apresentar uma proposta para esse arsenal existente que vai ser dialogada com outras áreas de governo”, disse. “Não existia um controle de armas no Brasil, porque existia uma ideologia de armamentismo. Esta ideologia de armamentismo era funcional, instrumental para negócios privados, tinha gente ganhando dinheiro com esse descontrole — ressaltou o ministro.
Continua depois da publicidade
Registros de armas em SC
Até o período de recadastramento de armas, Santa Catarina era o terceiro estado com mais número de civis com registro de arma de fogo, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Em 2022, 75.279 civis em Santa Catarina tinham o registro ativo junto ao Sistema Nacional de Armas (SINARM) da Polícia Federal. O número era 26,95% maior do que em 2020, quando eram 59.297.
SC é terceiro estado com maior número de civis com registro de arma de fogo, diz levantamento
Entre o início de fevereiro e o dia 2 de março deste ano, o Estado teve 19.389 armas recadastradas em pouco mais do primeiro mês do recadastramento do governo federal. A intenção do Ministério da Justiça e Segurança Pública é unificar os registros de armas dos CACs, que até então eram controlados pelo Exército, no Sistema Nacional de Armas (Sinarm), gerido pela Polícia Federal
Leia também
Argentino procurado pela Interpol é preso em Florianópolis
Segunda cassação de prefeito em oito anos faz do eleitor de Brusque um coadjuvante
Presos por suposta fraude em cartão de vacina de Bolsonaro ficam em silêncio em depoimento à PF