A Polícia Federal (PF) cumpre mandado de busca e apreensão na manhã desta terça-feira na residência oficial da presidência da Câmara, atualmente ocupada por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília. Batizada de Catilinárias, a ação integra as investigações da Operação Lava-Jato.
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Conselho de Ética tenta iniciar votação sobre processo contra Cunha pela oitava vez
Três viaturas da PF, com cerca de 12 agentes, isolam o local. A busca na casa de Cunha teve autorização do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e foi pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
A PF também cumpre busca e apreensão nos endereços do parlamentar no Rio de Janeiro. Entre os objetivos da operação está a coleta de provas que apuram se o peemedebista cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Também foram realizadas buscas nas residências do deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), do senador Edison Lobão (PMDB-MA) e de Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro.
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OAB defende afastamento de Cunha da presidência da Câmara
O presidente da Câmara foi denunciado pelo Ministério Público Federal em agosto. Rodrigo Janot enviou denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusando o peemedebista de ter recebido propina no valor de ao menos US$ 5 milhões para viabilizar a construção de dois navios-sondas da Petrobras, entre junho de 2006 e outubro de 2012.
Ouça o comentário de Carolina Bahia:
O nome da operação
A Polícia Federal batizou a operação de Catilinárias, que são discursos célebres do cônsul romano Cícero contra o senador Catilina, que planejava tomar o poder e derrubar o governo republicano.
Ao se inteirar dos planos de seu adversário, Cícero convocou uma reunião do Senado e proferiu o primeiro de seus quatro célebres discursos contra Catilina, que ficariam conhecidos como Catilinárias. A intervenção de Cícero se tornou um clássico da política e passou a ser invocada ao longo dos últimos 2 mil anos sempre que um homem público atenta contra o interesse geral da população.
Veja abaixo um dos trechos mais famosos do discurso:
Até quando, Catilina, abusarás
da nossa paciência?
Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
Nem a guarda do Palatino,
nem a ronda noturna da cidade,
nem o temor do povo,
nem a afluência de todos os homens de bem,
nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado,
nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te?
Não te dás conta que os teus planos foram descobertos?
Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem?
Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste?
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Oh tempos, oh costumes!
Investigação no Conselho de Ética
Nesta terça-feira, o Conselho de Ética da Câmara pode votar o parecer sobre a representação contra Cunha por suposta quebra de decoro parlamentar. Esta será a oitava tentativa de analisar o relatório.
“Não julgo pessoas, julgo condutas”, diz novo relator do caso Cunha no Conselho de Ética
Confira abaixo as etapas do processo contra Eduardo Cunha:
*Zero Hora com informações da Agência Brasil