O amplo quarteirão na região indústrial do bairro Bela Vista, em Palhoça, na Grande Florianópolis, parecia cenário de filme nesta quarta-feira. A área em volta do galpão onde aconteceu o triplo homicídio do mestre de obras e seus dois filhos foi isolada com fita amarela durante as duas horas de reconstituição do crime que chocou a sociedade.

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Estrategicamente posicionados, homens da Central de Operações Policiais (COP) faziam a segurança armados com espingarda calibre 12, carabina CT40 e fuzil AR-15. O forte esquema de segurança foi montado na manhã desta quarta para impedir a entrada de curiosos e da imprensa.

Mas o motivo principal foi resguardar a integridade dos quatro suspeitos de envolvimento na morte de Gelson Aparecido de Souza, 32 anos, e de seus dois filhos, Gean, de nove anos, e Victor, de cinco. O mestre de obras e as crianças foram assassinados com golpes de pés de cabra no último dia 9.

Mais de 15 policiais civis da DP de Palhoça, do COP e do Instituto Geral de Perícias (IGP) participaram da reconstituição, que começou às 9h40min e foi coordenada pelo delegado de Palhoça, Attilio Guaspari Filho.

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Para saber exatamente o que aconteceu na manhã do dia 9, os policiais civis reuniram os quatro suspeitos e convidaram cinco pessoas que trabalham perto do local para reconstituir os últimos momentos de vida das vítimas. Dois figurantes atuaram como supostas pessoas que teriam presenciado o crime ou supostos autores.

Rogério Vas da Silva, 21 anos, foi o primeiro dos quatro suspeitos a reconstituir o crime. Ele já tinha confessado que matou uma das crianças.

As versões dadas nesta quarta-feira serão confrontadas com as provas periciais já existentes e servirão como embasamento legal para concluir o inquérito e apontar o indiciamento dos envolvidos.

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– Foi bastante positivo. Serviu para dirimir algumas dúvidas que restavam. Teremos várias provas para o Ministério Público oferecer uma boa denúncia – observou o delegado Attilio, que prefeiru não entrar em detalhes.

Adolescentes são suspeitos de participação

Os outros três suspeitos, de 17 e 16 anos, tiveram acompanhamento do Conselho Tutelar e de suas mães durante a reconstituição. Algemados, todos receberam água dos policiais por causa do forte calor misturado com a poeira das ruas de terra da região.

Eles já teriam confessado participação no crime, segundo o Ministério Público de Palhoça. Figurantes disseram que os suspeitos não demonstraram emoção. Mas suas mães sim.

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– Elas choraram na hora que o Rogério estava dando com o pé de cabra no chão como se fosse batendo no guri – contou um figurante.

Às 11h47min, os suspeitos seguiram para a delegacia e as mães, liberadas. Elas não quiseram dar entrevista. Deixaram o local em silêncio, aparentando tristeza. Quando todos foram embora, o galpão ficou vazio. No chão, entre tijolos e areia, o chinelinho de Victor, cinco anos.

Entenda o caso

? O mestre de obras Gelson Aparecido de Souza, 32 anos, e os filhos Gean, de nove, e Victor, de cinco, foram encontrados mortos no galpão onde o homem trabalhava, segunda-feira à tarde, na região industrial do Bairro Bela Vista, em Palhoça.

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? As crianças, frutos de relacionamentos anteriores de Gelson, estavam de férias e brincavam no local durante o dia enquanto o pai estava em serviço.

? Por volta das 8h30min da manhã, Gelson solicitou uma entrega de materiais de construção.

? Lenice dos Santos, viúva de Gelson, recebeu uma ligação dele às 10h30min. O marido pediu que ela fizesse uma simulação de empréstimo de R$ 4 mil. Ela achou que seria para quitar o cartão de crédito.

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? Por volta das 14h, o caminhão da loja de materiais de construção chegou para fazer a entrega. Ao entrarem no galpão os funcionários encontraram os corpos das duas crianças. O corpo de Gelson estava no segundo andar.

? A polícia foi chamada. Além dos corpos, foram encontrados dois pés de cabra com manchas de sangue. A polícia não encontrou a carteira de Gelson, o celular nem a chave do seu carro, que não foi roubado.

? O suspeitos do crime foram localizados na sexta-feira, 13 de janeiro. O pedreiro Rogério Vas, 21 anos, confessou ter sido contratado por um traficante para ajudar a matar Gelson, que era seu vizinho.

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