A Delegacia Regional de Balneário Camboriú abrirá um inquérito administrativo para apurar se o clube Green Valley deve ou não ser notificado em função dos furtos ocorridos na madrugada de sexta-feira. A intenção é verificar se a quantidade de seguranças particulares disponíveis nos dias de show é suficiente para atender o público.

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Conforme o que for levantado, a casa pode ser notificada a aumentar o número de seguranças, segundo a delegada regional Magali Ignácio. De todo modo a Delegacia Regional aguarda a manifestação do delegado responsável pelo caso para se posicionar.

Dezenas de jovens revoltados e até chorosos tomaram a fachada da delegacia do Monte Alegre, em Camboriú, na manhã de sexta-feira. Todos haviam tido os celulares furtados dentro do Green Valley, durante a madrugada.

A onda de furtos em massa ocorreu no show do DJ francês David Guetta. Na ocasião o clube recebeu cerca de 12 mil pessoas, segundo a polícia. A maior parte das vítimas só percebeu o furto minutos depois.

Lilian Machado veio de Rio do Sul com dois amigos só para curtir o show. Em uma ida ao banheiro por volta da 1h um amigo deu falta do celular. O grupo avisou aos seguranças. Segundo ela, por volta das 4h os seguranças começaram a revistar algumas pessoas. Nesse meio tempo surgiram outras vítimas e já havia pelo menos 20 pessoas reclamando furtos de celulares.

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– Detiveram algumas pessoas que estavam com celular escondido no bolso, no sapato – diz.

Moradora de Curitiba, Fernanda da Silva teve que prolongar a estadia no Litoral Norte catarinense para tratar o caso do furto. Durante a manhã de sexta ela aguardava na porta da delegacia para reconhecer entre os aparelhos recuperados pela polícia se algum era o seu.

Cinco pessoas acabaram presas em flagrante com celulares, um relógio e uma câmera fotográfica. Entre os presos estavam uma gestante e o marido. Todos foram transferidos ainda na tarde de sexta para o Presídio da Canhanduba.

A polícia conseguiu recuperar pelo menos 28 celulares, a maior parte reconhecida e devolvida para as vítimas. No entanto, um número bem maior de pessoas compareceu à delegacia.

De acordo com o delegado Rodrigo Coronha os detidos são de outros estados e um deles já esteve preso por furto. A polícia acredita que todos faziam parte de uma mesma quadrilha.

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Eles atuavam em duplas, segundo o delegado. Enquanto um distraía a vítima esbarrando ou empurrando-a o segundo elemento efetuava o furto e as vítimas só percebiam depois.

Operação da polícia

As prisões dos suspeitos foram realizadas por seguranças do Green Valley e policiais civis que trabalhavam na casa durante a festa. Os policiais estavam à paisana como já ocorreu em outras ocasiões.

– Estava ocorrendo uma operação em parceria com a DIC e Polícia Civil de Camboriú para coibir principalmente o tráfico de drogas e furtos – explica o delegado Rodrigo Coronha.

Ele agora trabalha na apuração dos furtos e não deve se posicionar, pelo menos por enquanto, sobre uma possível notificação à direção da casa.

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Boletim de Ocorrência pela internet

As vítimas de furto no Green Valley foram orientadas pela polícia a registrar a ocorrência pela internet, por meio da delegacia eletrônica. A intenção foi evitar tumulto na delegacia e facilitar o registro para moradores de outras regiões.

É o caso de Tássia Camargo que veio de Rondônia (RO) passar as férias no litoral e aproveitou para ir à casa noturna. A moça, que comprou ingresso para a área vip assim que as vendas abriram pela internet, pagou R$ 500 pela entrada.

– Fui tirar foto e quando percebi o celular tinha sumido- diz.

Até a noite desta sexta-feira não se sabia exatamente quantas pessoas foram vítimas da quadrilha. Dos 28 celulares recuperados pela polícia com os suspeitos, cinco ainda não tinham sido resgatados pelas vítimas. Apenas uma testemunha disse ter reconhecido um dos suspeitos.

Durante a sexta-feira a polícia continuou os trabalhos no clube porque alguns suspeitos foram vistos jogando celulares furtados nas imediações da casa.

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Confira a posição do Green Valley

Por meio de assessoria de imprensa, o Grupo Green Valley respondeu os questionamentos do Sol Diário por e-mail.

Como o clube vem atuando para coibir ações como essas de criminosos?

Trabalhando intensamente na segurança preventiva, seguranças a paisana, qualificação dos seguranças da casa, revistas no acesso a casa e, além disso, disponibilizamos local adequado para guardar pertences, a chapelaria do clube.

Alguns clientes comentaram sobre falta de um volume adequado de seguranças. Quantos seguranças atuaram no evento?

Havia 300 seguranças trabalhando na noite.

Como a direção do clube vê o episódio?

Vimos como um fato lamentável e isolado.

Pela primeira vez a polícia recebeu um número tão grande de queixas ao mesmo tempo. Isso de alguma forma mancha a imagem da casa?

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Por se tratar de um fato isolado, e pelo fato de a casa ter conseguido atuar imediatamente em conjunto com a polícia, promovendo várias prisões e recuperando aparelhos furtados, acreditamos que conseguimos dar o respaldo a situação.

Que ações podem ser tomadas a partir de agora? O sistema de segurança da casa passará por mudanças?

As ações de segurança serão intensificadas, com o intuito de coibir este tipo de situação dentro do clube. Para tanto, serão disponibilizados mais seguranças a paisana, aumento do monitoramento eletrônico, bem como uma campanha enfatizando a existência de chapelaria e guarda volumes na casa.