A Polícia Civil de Araquari aguarda a liberação do corpo da menina índigena de nove anos, que teve morte cerebral confirmada na noite de segunda-feira, para avançar nas investigações sobre o que provocou a morte dela.

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O laudo cadavérico que apontará as causas da morte – se o ferimento foi provocado por arma de fogo ou por um rojão, por exemplo – é considerado peça-chave na investigação. Mas, conforme o delegado Rodrigo Aquino Gomes, a polícia ainda espera o recolhimento do corpo pelo Instituto Médico Legal (IML).

Por enquanto, a vítima continua no Hospital Infantil de Joinville, já sem vida, mas ainda ligada a aparelhos. Segundo informações da unidade, os equipamentos são mantidos apenas para conservar o corpo. A liberação não ocorre, no entanto, porque o hospital aguarda uma decisão judicial.

A Promotoria de Justiça em Araquari confirma que acompanha o caso, mas não revela detalhes por estar em segredo de Justiça. Na coordenação da Funai na região, o entendimento é de que o corpo seja mantido da maneira como está até que os indígenas façam os rituais de passagem tradicionais.

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Segundo o coordenador da Regional Litoral Sul da Funai, João Maurício de Farias, a cultura guarani tem um entendimento diferente da medicina em relação à vida e à morte.

– Dilacerar um corpo para a análise médica pode desrespeitar a cultura deles. Nossa orientação é de que se permita um pouco mais de tempo para o ritual de transição, pedimos a boa vontade do IML em compreensão a uma cultura diferente – aponta.

A Funai, diz João Maurício, chegou a sugerir que os procedimentos de perícia fossem realizados no próprio hospital, sem descaracterizar o corpo. Procurada pela reportagem, a coordenadora do IGP e do IML em Joinville, Suellen Pericolo, apenas afirmou que resolvia as divergências com a Funai.

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A Polícia Federal não participará da investigação porque a jurisdição em casos assim é apenas da Polícia Civil.

Suspeitas

Inicialmente, a criança foi levada até os Bombeiros Voluntários de Araquari, na madrugada de domingo, com a informação de que teria sido atingida na cabeça por um rojão. Índios contaram que ela foi atingida dentro de um carro, onde descansava com outra criança, enquanto ocorria uma festa na tribo.

Mas lesões nos pés da menina levaram os socorristas a desconfiar da versão. O carro onde a garotinha estava na hora do suposto acidente também chamou a atenção por ter sido parcialmente destruído, como se uma briga tivesse acontecido no local. Assim, a polícia foi acionada.

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