A Polícia Civil esclareceu o trajeto realizado pela comerciante Cátia Regina Silva, 46 anos, momentos antes de ser morta, quando voltava para casa em São Francisco do Sul. Os detalhes do caso foram divulgados durante coletiva de imprensa realizada nesta manhã em Joinville. Três pessoas foram indiciadas nesta quarta-feira (25), por homicídio, ocultação de cadáver, fraude processual e furto. A vítima, morta em julho deste ano, teria sido atraída para uma espécie de emboscada.
Continua depois da publicidade
— Depois da prática do crime, algumas linhas de investigação foram estabelecidas. Uma delas estava relacionada à atividade comercial da vítima. Em razão disso, foi divulgado nas redes sociais um vídeo em que ela relatava ameaças que estava sofrendo — explica o delegado Rafaello Ross.
Conforme Ross, a vítima relatou nas imagens que estava sofrendo ameaças de órgãos como prefeitura e Receita Federal, além de outros comerciantes locais. As ameaças tinham relação com a atividade comercial desenvolvida por Cátia, já que ela comprava roupas na capital paulista para revender em seu estabelecimento com uma margem baixa de lucro. O delegado explica que a situação passou a incomodar alguns concorrentes.
Com essas informações, a polícia estabeleceu como principal linha investigativa a desavença de outros comerciantes com a vítima, ainda que ela mantinha quase nenhum contato com os suspeitos. Assim, foi possível estabelecer o trajeto da vítima no dia do crime.
As apurações da Polícia Civil demonstraram que Cátia voltava de uma viagem de ônibus a São Paulo, onde foi adquirir mercadorias para revender em sua loja. Ela desceu na rodoviária de Joinville e depois embarcou no carro para retornar para casa.
Continua depois da publicidade
Durante o trajeto, na BR-280, a vítima foi abordada por um veículo Golf com dois ocupantes. O automóvel, que já estaria seguindo a comerciante desde Joinville, estava parado às margens da rodovia com o pisca alerta ligado. Os dois homens desceram do veículo e abordaram a vítima, portando um crachá falso da Receita Federal e um distintivo falsificado da Polícia Federal.
— Como estava voltando de São Paulo com mercadorias, ela reduziu a velocidade e parou por achar que era uma fiscalização de rotina, até por já estar recebendo as ameaças que ela pensava ser da Receita Federal. Neste momento, eles algemaram a vítima, colocaram um pano na boca, um capuz e depois a empurraram para o carro — afirma.
"Difícil não conversar com minha melhor amiga todos os dias", diz irmã de empresária assassinada
Suspeitos planejaram a ação
De acordo com delegado Thiago Escudero, da delegacia de Araquari, dos dois homens que estavam no carro, um deles era proprietário de uma loja concorrente a de Cátia e teria sido o autor do disparo na cabeça da vítima; o outro era um amigo de infância dele. Além da dupla, uma mulher – esposa de um dos suspeitos — também é apontada como suspeita do assassinato e mentora intelectual deste crime.
Continua depois da publicidade
— Esta mulher permaneceu em casa conversando com vizinhos para fornecer álibi, inclusive para o marido, criando uma falsa aparência de que eles (o casal) estariam em casa. Caso fossem indagados pela polícia, ela poderia dizer que o companheiro estava junto na casa no dia do fato — ressalta o delegado.

Para Escudero, não há dúvida de que o crime foi planejado antes da execução. O delegado afirma que a confecção dos crachás falsificados, a queima do veículo para destruir possíveis provas e a conduta da mulher de permanecer em casa para fornecer o álibi, denotam que a ação foi arquitetada com antecedência pelos suspeitos.
— Fatos até para confundir a polícia durante a investigação. Então, com certeza, o crime foi totalmente planejado — completa.
Os laudos realizados no corpo de Cátia demonstraram que ela foi morta com um tiro na cabeça e não houve tortura antes da execução. Ainda segundo Escudero, cerca de 180 peças de roupas, que estavam no carro da empresária no momento do homicídio, foram furtados pelos suspeitos. As mercadorias, inclusive, foram encontradas pela polícia sendo revendidas na loja dos suspeitos.
Continua depois da publicidade
Foram expedidos mandados de prisão contra as três pessoas. Duas já estão presas (um homem e uma mulher), enquanto o terceiro indiciado continua foragido. Depois da morte, os dois suspeitos desovaram o corpo de Cátia no rio Piraí, voltaram para São Francisco do Sul onde furtaram as mercadorias e atearam fogo no carro da vítima. A mulher e o amigo do casal já foram localizados pela polícia, o terceiro suspeito permanece foragido.