O estudante de geologia da Universidade de Brasília (UnB) detido pela Polícia Legislativa do Senado em uma manifestação, no início da tarde, contra a aprovação do projeto de lei que altera o Código Florestal, será indiciado pelos crimes de desobediência e resistência à prisão. Raphael Pinheiro da Rocha estava entre os estudantes que entraram nesta terça-feira em confronto com os policiais, no corredor das comissões, após a votação do parecer do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC).
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O universitário foi arrastado por cerca de 20 metros, por quatro policiais e chegou a levar um tiro de taser, pistola paralisante usada pelos agentes.
O diretor da Polícia Legislativa do Senado, Pedro Ricardo Araújo Carvalho, disse que, no depoimento, o universitário afirmou que não queria submeter-se ao exame de corpo de delito, no Instituto Médido Legal (IML), e que não processaria os policiais. Raphael deixou o Senado sem conversar com os jornalistas ou dar qualquer declaração.
Carvalho descartou que tivesse sido praticado qualquer excesso contra os estudantes que protestavam contra o relatório de Luiz Henrique.

A confusão teria iniciado depois que o policial José Luís de Simas Cunha retirou da parede da comissão um cartão vermelho apresentado pelos estudantes aos senadores que votaram a favor do parecer do relator. O policial deu voz de prisão a Raphael e, nesse momento, foi cercado pelos manifestantes que disseram que ele “era ladrão por estar defendendo ladrão”, conforme relatou o universitário Caio de Miranda, ouvido como testemunha.
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No depoimento, o estudante citou como autor das agressões contra os estudantes um outro homem, de “camiseta preta, calça jeans e estatura baixa” e que não trazia qualquer identificação. Ao analisar os vídeos das câmeras de segurança da Casa, Carvalho identificou essa pessoa como sendo um dos policiais legislativos. O diretor investiga o que o policial fazia naquele local, uma vez que não é lotado no policiamento ostensivo e cuida apenas da manutenção do armamento utilizado:
– Vou ver as imagens direito. Se achar que houve, por parte dele, excessos, poderei determinar um inquérito administrativo – disse Carvalho.
A Secretaria de Comunicação Social do Senado (Secs) divulgou nota informando que o presidente da Casa, José Sarney, determinou o afastamento do policial legislativo que usou a arma de choque contra o estudante até que a investigação seja concluída. Sarney exigiu que os “lamentáveis acontecimentos” sejam apurados no prazo de 15 dias.
Segundo a nota, Sarney reafimou que o Senado Federal “jamais tolerará violência ou qualquer tipo de abuso contra aqueles que se dirigem à Casa para defender suas idéias democraticamente”.
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O relatório do projeto do Código Florestal foi apreciado nesta terça-feira nas comissões de Ciência e Tecnologia e Agricultura do Senado.