A Polícia Civil do Paraná deflagrou nesta quinta-feira (4) operação contra organização criminosa envolvida no tráfico de drogas dentro e fora do Brasil. Desde as primeiras horas da manhã estão sendo cumpridas 127 mandados judiciais em oito estados do país, dos quais 30 de prisão preventiva. Em Santa Catarina são 37 ordens de busca e apreensão em Balneário Camboriú (4), Itajaí (3), Itapema (17) , Joinville (1), Penha (1), Porto Belo (3), São Francisco do Sul (1) e Tijucas (2). Na há informações de detidos em SC.

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Além dos mandados, também foram decretadas medidas patrimoniais de sequestro de imóveis, bloqueio de bens e valores existentes nas contas bancárias e aplicações financeiras dos investigados, que totalizam um valor estimado em mais de R$ 1 bilhão. A ação conta com 500 policiais entre Civis e Federais e ainda com o apoio de 25 auditores da Receita Federal.

Os investigados vão responder por organização criminosa, tráfico internacional de drogas, associação para fins de tráfico e lavagem de dinheiro. As penas somadas podem chegar a 60 anos de prisão.

A investigação da Polícia Civil do Paraná começou para apurar assassinatos em Paranaguá e revelou uma disputa pelo controle de tráficos de drogas no local. No decorrer do inquérito os agentes descobriram que o dinheiro do grupo era lavado através de investimentos no setor imobiliário do Litoral Norte de Santa Catarina.

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A origem da investigação

A Polícia Civil do Paraná iniciou a investigação para apurar homicídios em Paranaguá e constatou que o aumento da violência estava relacionado a disputa pelo controle do tráfico de drogas no local. Na ocasião, os agentes verificaram que um dos criminosos mais procurados do PR seria o responsável por financiar os homicídios, fornecendo armas e munições para execução de integrantes de grupos rivais.

O homem estava foragido desde 2016 em virtude de três mandados de prisão expedidos pela Justiça Estadual do Paraná, mas foi preso em 16 de agosto de 2021 com documentos falsos em uma clínica de cirurgia plástica em São Paulo.

A organização criminosa estaria por trás de um atentado com incêndio de dois veículos na Delegacia de Polícia de Matinhos em 16 de abril de 2020. Os carros estavam envolvidos em um duplo homicídio cometido com fuzil calibre 556, pistola 9 mm e espingarda calibre 12 ocorrido ocorridos naquela cidade três dias antes.

Durante a investigação constatou-se ainda que além de da atuação no tráfico interno e outros crimes, como homicídios, o líder da organização criminosa também agia no tráfico internacional de drogas.

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Segundo a polícia do Paraná, o grupo montou uma complexa estrutura logística para operacionalizar as ações de narcotráfico interestadual e internacional, que abrange desde a produção da droga no exterior, o posterior ingresso e transporte dentro do território nacional, distribuição interna, preparação e o envio dos carregamentos de cocaína para o exterior utilizando principalmente o modal marítimo.

Grande parte da droga movimentada pelo grupo tinha como destino os portos da Europa e, para isto, atuavam predominantemente na região de Paranaguá, local de onde exportavam grandes quantidades de cocaína através da contaminação de contêineres, ocultação em cargas lícitas, em refrigeradores de contêineres, uso de mergulhadores para inserir a droga em compartimento submerso dos navios, entre outros métodos.

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Foram realizadas diversas apreensões de carregamentos de cocaína vinculados a atuação desta organização criminosa e, por meio de um trabalho conjunto entre a Polícia Federal e a Polícia Civil do Paraná, também foram realizadas prisões em flagrante e apreensões de droga no decorrer da investigação, totalizando aproximadamente 5,2 toneladas de cocaína.

Os lucros obtidos com essas atividades criminosas também estavam sendo usados para subsidiar a ampliação da estrutura logística do grupo, com aquisição de aeronaves, barcos, empresas, imóveis, além de armas de fogo e munições para intensificar o poderio bélico e a capacidade de intimidação em face de outros grupos criminosos.

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Lavagem de dinheiro

As investigações revelaram ainda que lideranças do grupo empregavam diversas metodologias para ocultar e dissimular a procedência ilícita dos vultosos ganhos financeiros e do patrimônio multimilionário constituído a partir dos crimes perpetrados.

As apurações indicam que o principal esquema financeiro para promover a lavagem do dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas era o investimento no setor imobiliário do litoral de Santa Catarina.

Os investimentos consistiam na aquisição de apartamentos de alto padrão e financiamento com o dinheiro ilícito para construção de empreendimentos imobiliários, o que era feito com a conivência de algumas construtoras e empresas do setor envolvidas no esquema criminoso e que foram alvos da ação desta quinta-feira (4).

Essas empresas são suspeitas de realizarem negócios jurídicos fraudulentos ou não declarados que foram custeados com recursos oriundos do tráfico internacional de drogas, havendo indícios de que os representantes tinham conhecimento da procedência ilícita dos valores que subsidiaram as transações.

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As investigações constataram pagamentos de imóveis de luxo com altas quantias de dinheiro em espécie sem a devida comunicação aos órgãos competentes, bem como a utilização de interpostas pessoas para ocultar a identidade do real adquirente.

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